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A origem do universo é tema de debate no CCS

O debate entre a visão mística da criação do universo e a teoria evolucionista foi reacendido sexta-feira, dia 06 de julho, pelo professor Franklin Rumjanek, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

 O debate entre a visão mística da criação do universo (preferida das religiões) e a teoria evolucionista, elaborada por Charles Darwin, foi reacendido sexta-feira, dia 06 de julho, pelo professor Franklin Rumjanek, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Dando prosseguimento ao ciclo de conferências Vesalius, incentivado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas, o professor liderou a palestra intitulada “A ‘ciência’ antes da ciência” no auditório do Departamento de Anatomia, no bloco F do Centro de Ciências da Saúde, no campus do Fundão.

Diante de mais de cem pessoas, Franklin fez um panorama histórico da dúvida que persiste até hoje – como surgiu o universo – expondo as opiniões de diversos pensadores ilustres, como Homero, David Hume, Protágoras, Epicuro, Francis Bacon e Feuerbach. A tendência percebida foi a de uma crescente desmistificação do universo, que culmina com os conceitos de “homem-máquina” do filósofo francês René Descartes e da “tábula rasa” do inglês John Locke, já que ambos explicam o conhecimento humano pela experiência, e não pelo sobrenatural.

Abordando também os pensadores “conciliadores”, Rumjanek lembrou de São Tomás de Aquino, cuja frase “a razão não é incompatível com a fé” já denotava uma certa interação entre o método científico e a visão fantástica perante a criação do universo e a existência. Diante de um quadro atual no qual a esmagadora maioria das pessoas, embora conheça as provas contundentes das teorias científicas, ainda acredita em alguma força sobrenatural, o professor da UFRJ tentou entender o porquê do aumento do culto às entidades religiosas.

Na tentativa de explicar de que maneira o pensamento criacionista resiste, Rumjanek defendeu algumas hipóteses. De acordo com ele, o principal motivo é a falta de comunicação. “Como não existem muitos veículos de divulgação e difusão do conhecimento científico, como emissoras de TV e rádio, fica difícil para a população se familiarizar com as teorias”. O pesquisador também admitiu que a compreensão da teoria darwinista da evolução das espécies é complicada e que a penetração das crenças é grande porque sua transmissão é feita de uma geração para outra nas famílias. Em tom de crítica, Frankin ainda citou o fato de que a ciência não matou pessoas na tentativa de convertê-las, como fez a Igreja Católica, por exemplo, no período da Inquisição.

– Os cientistas são céticos, desconfiam da intuição e acreditam que somente o experimento e a observação embasam a experiência humana. Porém, para mudarem de idéia, basta convencê-los com argumentos contundentes – alegou Rumjanek, mostrando que, embora a maioria dos cientistas tenha religião, eles são mais tolerantes que líderes espirituais.

Para Rumjanek, ainda há bastante espaço para o intenso debate sobre as razões pelas quais estamos na Terra, pois a espécie humana é recém-chegada ao universo – o que esclarece sua preferência pela tese evolucionista sobre a origem do universo. “A ciência seguirá inexoravelmente, mas é a sociedade quem a endossa ou não. O truque é garantir que nunca cheguemos ao final dessa discussão”, concluiu o professor.