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Constituição do Comum: Seminário Internacional na UFRJ

  

O seminário “Constituição do Comum – Cultura e Conflitos no Capitalismo Contemporâneo” teve início ontem, dia 29 de maio, no auditório do CFCH. O vento, que encerra dia 1 de junho, contou com a presença de Giuseppe Cocco, da Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ), e da Universidade Nômade; Ivana Bentes, diretora de Escola de Comunicação da UFRJ (ECO/UFRJ); e Afonso Luz, representante do deputado estadual Carlos Minc.

A cultura desempenha um papel fundamental. A idéia do seminário também passa por discutir o programa do ministério da cultura, analisando o último mandado para, assim se pensar num próximo, retomando, como disse o representante de Minc, o espaço de conversas e trocas entre a Universidade e Governo.

– Fizemos questão de marcar um encontro entre as forças ativistas que estão por aí e as forças políticas, acrescentou Ivana Bentes, diretora da Eco. A primeira mesa do seminário “Capitalismo cognitivo, dinâmicas metropolitanas e novas formas de conflito”, foi mediada por Cocco e contou com a participação de Maurizio Lazzarato, da Universidade de Paris, França; Thierry Baudouin, do Institut Français D´urbanism, também na França; e Raul Sanchez, da Universidade Nomada, Espanha.

Lazzarato falou da constituição do comum, que cria problemas por ser muito reacionária: nos Estados Unidos, por exemplo, temos um governo como o de George W. Bush que, apesar de se apoiar na “New Economy” americana, tem mascarada uma posição Neo-Conservadora. Através dos pensadores franceses Deleuzze, Guatari, e Foucault, Maurizio Lazzarato tentou explicar como seria possível o aparente paradoxo de um discurso de extrema direita, que seria atualmente corrente em paises como, por exemplo, EUA, Itália e França, aliado a uma inovação econômica. Segundo ele, há um retorno aos valores da família, da religião, nação e das outras instituições que poderiam parecer antiquadas. Bush, por exemplo, utilizaria a lógica da guerra para garantir as relações sociais do comum, criando assim uma solidariedade entre as pessoas num processo que foi construído pela primeira vez durante a segunda guerra mundial. A fala publicitária venderia um discurso de singularidade, mas estaria justamente na direção oposta ao singular. “Isso não é algo que possamos ultrapassar” disse ele, explicando ainda que esses conceitos, como o de “nação”, são bases na nossa sociedade.

Raul Sanchez abordou o ponto de vista das novas possibilidades e capacidades políticas. “Não somos autônomos” disse o pesquisador “Não se pode pensar que seja possível fazer política fora do comum”. Segundo ele, a dimensão de guerra tem a ver com a presença não admitida de um enorme vazio entre a antiga ordem e o novo, atual.

A abordagem do papel do conflito dentro do ambiente globalizado ficou por conta de Thierry Baudouin. Para ele, o imaterial está ligado ao material, e a produção deste é muito importante para se analisar determinados aspectos. O capitalismo global teria saído das empresas, e assim não teríamos mais hierarquia. “O que existe é um patrimônio comum: a cidade. É ela que promove a integração entre seus diferentes atores”.

Segundo Baudouin, o mais importante para o colóquio que se iniciou ontem, é entender a metrópole como o espaço comum. Assim a imprensa seria fundamental porque fala do crescimento democrático da cidade. “A cultura metropolitana é essencial e se expressa pela democracia” finalizou.