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I Seminário de Economia da Televisão

I Seminário de Economia da Televisão foi realizado na última segunda-feira (21/5), pelo Laboratório do Audiovisual do Instituto de Economia (IE/UFRJ), com o objetivo de incentivar o contato entre economistas e a problemática da televisão. Coordenado pelo professor do IE, Fábio Sá Earp, o encontro recebeu profissionais do meio televisivo e estudiosos no âmbito econômico deste ramo, como Marcos Dantas, da Faculdade de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Jorge Chami do IE, Cristina Pessoa, gerente de Planejamento e Negócios Internacionais da TV Globo, Alex Galvão da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e Luiz Carlos Prado, do IE e membro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Para Fábio Sá Earp, as discussões sobre televisão no Brasil ficam concentradas em duas classes. A primeira é a dos engenheiros, responsáveis pela parte tecnológica desse veículo e atualmente engajados com o advento da TV digital; a segunda é a que engloba os profissionais de comunicação, preocupados com a qualidade das mensagens exibidas. “Mas tem uma terceira, aquela que pensa nos custos e nos benefícios econômicos que a televisão oferece para a população, como emprego e renda”, enumerou Sá Earp, valorizando o papel dos economistas no debate da televisão brasileira. O coordenador acredita que a contribuição dos palestrantes é rara dentro do ambiente universitário, já que, segundo ele, em geral, a universidade procura ensinar seu conhecimento teórico, em detrimento da prática do mercado. “Com esse seminário, queremos chamar as empresas para ensinar a nós, acadêmicos”, explicou, dando como exemplo a convidada da TV Globo Cristina Pessoa. “É comum assistirmos, nas universidades, profissionais da Globo serem linchados, hoje eles estão aqui para nos ensinar”, complementou Sá Earp.

O professor da PUC, Marcos Dantas iniciou o ciclo de palestras, falando sobre a introdução da TV Digital no Brasil. Dantas explicou a diferença entre os três principais modelos operacionais de digitalização: o dos Estados Unidos, Canadá e Coréia; o da Europa e o do Japão. Segundo ele, na parte técnica, os modelos não se diferenciam tanto, o que comprova que a decisão tomada pelo Governo brasileiro para a implantação do modelo japonês não foi técnica, mas social, política e econômica. O economista Jorge Chami, chamado para falar de “Economia da TV Digital”, divulgou que 90% dos domicílios domésticos no Brasil possuem TV aberta que atingem todas as classes, inclusive as que possuem TV por assinatura. “Há urgência em digitalizar as transmissões terrestres para permitir que a TV aberta possa competir com a por assinatura em qualidade de imagem”, comentou Chami.

Cristina Pessoa fez um panorama da atuação internacional da TV Globo, a partir de sua experiência com a importação de telenovelas. Segundo ela, a primeira venda de novela foi por acaso, “em 1973, uma emissora do Uruguai nos contatou para comprar ‘O Bem Amado’, a partir disso identificamos um nicho de mercado e pensamos em uma estrutura para adaptar o produto para importação”, contou. Mesmo com a descoberta, o foco da Globo era o mercado interno e, por isso, tinha uma atuação pouco agressiva no externo. Com a consolidação, nos anos 90, a Globo passou a repensar sua estratégia no mercado internacional, posicionando-se como parceira preferencial em TV e entretenimento para a realização de ações conjuntas no Brasil e em outros países. ”É um grande desafio, pois temos barreiras para a venda de nossas produções, como o protecionismo de produções nacionais por parte de alguns governos e a cultura dos diferentes países, para vencermos isso ou criarmos alternativas, precisamos ter parceiros locais com conhecimento desse mercado”, explicou Cristina.

Outros temas discutidos no seminário foram “As cadeias produtivas da TV aberta e da TV por assinatura” e “A política antitruste e a economia da televisão no Brasil”. O primeiro foi abordado por Alex Galvão da Ancine e o segundo por Luiz Carlos Prado que, como representante do Governo, falou sobre as disputas legais que envolvem a televisão brasileira.