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Inteligência Computacional: uma nova área em 2007

 Fotos: Arquivo Pessoal

 

 Professor Alexandre Pinto
 Alves da Silva, ex-coordenador
 do PEE da Coppe

 
 Engenheiro Carlos Eduardo
 Pedreira, Professor do PEE 
 e da Faculdade de Medicina

 

Neste ano, o Programa de Engenharia Elétrica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (P EE – Coppe/UFRJ) traz como importante inovação a criação de uma área acadêmica – a Inteligência Computacional – que se desenvolve com muita fibra e rapidez.

Os cursos oferecidos nessa área são os de mestrado e doutorado, com duração prevista de dois e quatro anos, respectivamente. Dentre as disciplinas que os alunos poderão cursar, já a partir da primeira semana de março, incluem-se  “Inferência Estatística”, “Lógica Matemática”, “Lógica Fuzzy”, “Análise de Clusters”, “Reconhecimento de Padrões”, “Redes Neurais”, entre outras.

Segundo o professor Alexandre Pinto Alves da Silva, ex-coordenador do PEE da Coppe, o que motivou, em especial, a criação da nova área foi a possibilidade de tornar disponível “um conjunto amplo de disciplinas, cobrindo os principais aspectos relacionados à Inteligência Computacional. Dessa forma, os alunos da área estarão melhor capacitados para desenvolver pesquisas nas variadas aplicações de interesse”.

Um campo multidisciplinar

Um ponto interessante da Inteligência Computacional é seu caráter multidisciplinar, que permite sua aplicação nas diversas áreas, como Petróleo e Gás, Finanças e Medicina, por exemplo. A vantagem de seus cursos é poder capacitar os alunos graduados, tanto em Engenharias quanto em Matemática, Física, Química, Economia, Estatística, entre outras, para atuar nesses vários mercados.

Um dos objetivos é atrair para o PEE da Coppe não apenas os engenheiros elétricos, mas outros profissionais que necessitem utilizar a Inteligência Computacional em seus trabalhos. “A ‘graça’ da área é a possibilidade de aplicação em virtualmente qualquer campo. Os problemas do mundo real impõem soluções que, freqüentemente, não se encontram dentro das fronteiras, às vezes estreitas, de uma só área”, afirma o engenheiro Carlos Eduardo Pedreira, professor do PEE da Coppe e da Faculdade de Medicina.

Hoje, as pesquisas científicas na área da Medicina teriam avanços muito limitados se não fossem integradas à Engenharia. A utilização de técnicas de Inteligência Computacional no processo de Citometria de Fluxo, por exemplo, é capaz de aumentar a eficácia do diagnóstico e tratamento de doenças como Aids e Câncer. Para o professor Carlos, quando se trata de Medicina, “os avanços tecnológicos e o volume de dados disponível praticamente impõem a ajuda da engenharia”.

O professor Alexandre tem obtido resultados relevantes na área de energia (elétrica, petróleo e gás). O grupo que ele coordena já desenvolveu inúmeros sistemas para o setor, baseados na Inteligência Computacional: “Empresas como ELETROBRAS, FURNAS, CHESF, CEMIG, COELBA, ITAIPÚ Binacional e PETROBRAS se beneficiam desta tecnologia nos sistemas de previsão de demanda e diagnóstico de falhas”, detalha Alexandre.

 Alem da área energética, o mercado financeiro também é outro segmento que tem recebido a Inteligência Computacional com grande interesse. Para Alexandre, a nova área está bastante desenvolvida em nosso país, faltando, no entanto, uma maior coordenação dos esforços. Ele explica que a união de trabalhos complementares pode possibilitar o desenvolvimento de projetos de maior porte, e aqui reside a diferença entre o Brasil e os países desenvolvidos.

Para Carlos, o Brasil possui pesquisadores de excelência – tão bons quanto aqueles que pertencem aos melhores grupos dos países desenvolvidos – que se encontram espalhados pelas diversas áreas. “Se investirmos na formação das novas gerações, enfatizando a qualidade, estaremos contribuindo para diminuir o espaço que nos separa das nações desenvolvidas em ciência e tecnologia”, opina. 

Histórico

A Inteligência Computacional surgiu da sinergia entre a experiência e o conhecimento diversificado de vários profissionais, fenômeno que vem ocorrendo com mais força nos últimos vinte anos. A área conhecida como Redes Neurais tornou-se expressiva, sobretudo no final da década de 80, o que atraiu pesquisadores atuantes em campos distintos. Com isso, esses profissionais passaram a conviver no mesmo meio científico, participando dos mesmos congressos e colocando em pauta discussões de problemas em comum.

Desta aglutinação extremamente positiva, vieram à tona novas soluções e questões científicas de caráter interdisciplinar. Cada vez mais, a multidisciplinaridade foi se tornando uma realidade saudável para a pesquisa. “Novos profissionais, com novas visões e formações, foram se misturando, e sendo bem recebidos no ‘caldeirão’. É mais ou menos isso que gostaríamos que acontecesse com esta nova área acadêmica que está sendo criada”, explica o professor Carlos.

 Há vários anos, muitos pesquisadores, inclusive alguns dos que fazem parte do corpo docente da Coppe, já atuam na Inteligência Computacional através de cursos, investigação científica e projetos patrocinados. A formalização dessa nova área vem sendo planejada desde 2006, com a união de alguns desses pesquisadores, e é original não apenas na UFRJ, mas em todo o Brasil.

O professor Carlos acrescenta: “Muitas áreas do conhecimento, ao longo da história, surgiram assim: as pessoas começam a trabalhar e a produzir em um novo assunto, ou a partir de uma metodologia nova, até que se forma uma massa crítica suficiente para a criação formal de um novo campo”.