Os reitores das Universidades Federais estão reunidos nesta sexta e sábado, dias 1 e 2 de dezembro, no I Seminário Nacional da Universidade Nova, em Salvador, para debater os rumos da Universidade brasileira.

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Reitores debatem futuro da Universidade

Os reitores das Universidades Federais estão reunidos nesta sexta e sábado, dias 1 e 2 de dezembro, no I Seminário Nacional da Universidade Nova, em Salvador, para debater os rumos da Universidade brasileira.

 Os reitores das Universidades Federais estão reunidos nesta sexta e sábado, dias 1 e 2 de dezembro, no I Seminário Nacional da Universidade Nova, em Salvador. O evento é realizado pela Universidade Federal da Bahia, em parceria com a Andifes e apoio do MEC. Na programação, cujo tema central é a “Reestruturação da Arquitetura Acadêmica de Ensino Superior no Brasil”, também está programado fórum de discussão sobre estrutura curricular, processo seletivo e cursos profissionalizantes, impacto do projeto na estrutura administrativa da universidade pública e a prospecção de problemas de infra-estrutura, logística e gestão acadêmica.

Prévia deste debate ocorreu, no último dia 24, quando reitores de universidades federais se encontraram na UFRJ para discutir um projeto inovador e ousado: a reforma da universidade brasileira. Não a reforma que está no Congresso, mas uma mudança na estrutura curricular criada por iniciativa do reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o professor Naomar de Almeida Filho, e inspirada no pensamento de Anísio Teixeira, que já propunha um modelo parecido na década de 60.

De acordo com Naomoar, a principal alteração proposta é a implantação de Bacharelados Interdisciplinares (BI), propiciando formação universitária geral, como uma pré-graduação que antecederá a formação profissional de graduação e a formação científica ou artística da pós-graduação. Essa é uma alternativa avançada de estudos superiores que permitirão reunir, numa única modalidade de curso de graduação, um conjunto de características que hoje vêm sendo requeridas. “Levei a proposta a quase todas as unidades da UFBA e a repercussão tem sido excelente. Essa é uma discussão que já vem sendo travada há uns dois anos, pelo menos”, revela Naomar de Almeida. Outro ponto positivo do BI é que o jovem não precisará escolher tão cedo a carreira a ser cursada. Segundo o projeto, o aluno terá a possibilidade de escolher com mais calma, cursar aulas de cursos variados para, então, optar pela carreira.

Presente ao encontro, o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, afirmou ter recebido com entusiasmo a proposta. “A mudança na estrutura, ajuda no amadurecimento dos jovens na escolha das carreiras”, aponta Buss.

De acordo com a proposta, na Universidade Nova, uma vez concluído o Bacharelado Interdiscipinar, o aluno poderá enfrentar o mundo do trabalho com diploma de bacharel em área geral de conhecimento (Artes, Humanidades, Ciências, Tecnologias). Se quiser, poderá seguir os estudos para licenciaturas específicas, para cursos profissionais ou programas de pós-graduação, como o mestrado profissionalizante ou o mestrado acadêmico, podendo prosseguir para o Doutorado.

Além da mudança no currículo, a proposta é a favor do fim do vestibular nos moldes que existe hoje. E isso é unanimidade entre os reitores presentes ao encontro. “Penso em um processo de seleção como o Enem”, explica o reitor da UFBA.

Para José Carlos Ferraz Hennemann, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), essa é uma idéia inovadora, mas ainda embrionária. “Hoje se discute apenas a estrutura, mas não se toca na área acadêmica – que é a discussão que queremos. Com esse projeto, passamos a ter um outro foco na discussão”, analisa o reitor.

Na opinião do reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, essa é uma proposta que acena para o caminho que se deseja para a universidade no país. “Já venho falando sobre isso durante as discussões do Plano de Desenvolvimento Institucional. Temos que construir uma universidade nos moldes do mundo de hoje”, analisa Aloísio Teixeira.

O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), professor Alex Bolonha Fiúza de Melo, acredita que a reforma da universidade não deve partir do MEC, mas sim de dentro das universidades. “A Universidade Nova é um fato político de extremo significado. Temos que expandir o ensino superior com qualidade”, aponta Fiúza.

Contudo, os reitores acreditam que essa reforma não deve ser mera cópia de modelos estrangeiros, mas sim fruto da real necessidade brasileira. “Não somos um país mimético, somos capazes de criar nosso próprio modelo”, analisa o reitor da UFPA.

Ao final do encontro, os reitores montaram uma minuta de um documento que deverá ser redigido pelo reitor da UFBA, Naomar de Almeida, e entregue a todos os reitores das universidades federais do país. Segundo foi acordado entre o grupo, o documento abordará os seguintes tópicos: porque a universidade brasileira está obsoleta, quais os desafios contemporâneos da universidade, o fato da reforma universitária ser insuficiente e as propostas da Universidade Nova.

Também estiveram presentes ao encontro de reitores na UFRJ: a pró-reitora de Extensão da UFRJ, Laura Tavares, o pró-reitor de graduação da UnB, professor Murilo Camargo, o reitor da Universidade Federal do Recôncavo Bahiano, o professor Paulo Gabriel Soledade Nacif, e a vice-presidente de Ensino, Informação e Pesquisa da Fiocruz, Maria do Carmo Leal.