As diversas faces do Brasil foram mostradas durante o II Seminário Nacional do Programa Conexões de Saberes. A iniciativa realizada, entre 2 e 4 de novembro, reuniu cerca de 1.500 estudantes de todos os estados do país.

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As diversas faces do Brasil foram mostradas durante o II Seminário Nacional do Programa Conexões de Saberes. A iniciativa realizada, entre 2 e 4 de novembro, reuniu cerca de 1.500 estudantes de todos os estados do país.

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Memória

Brasil, mostra a tua cara

As diversas faces do Brasil foram mostradas durante o II Seminário Nacional do Programa Conexões de Saberes. A iniciativa realizada, entre 2 e 4 de novembro, reuniu cerca de 1.500 estudantes de todos os estados do país.


As diversas faces do Brasil foram mostradas durante o II Seminário Nacional do Programa Conexões de Saberes. A iniciativa realizada, entre 2 e 4 de novembro, reuniu cerca de 1.500 estudantes de todos os estados do país, na Escola de Educação Física  e Desporto (EEFD) da UFRJ, sob o tema Ingresso e permanência de estudantes de origem popular nas universidades públicas federais.
 
Na solenidade de abertura, durante à noite do feriado de Finados, emoção do começo ao fim no lotado ginásio Verdão. Primeiro com a singular interpretação do Hino Nacional à voz e violão das alunas da Escola de Música da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e, ao final, com o lançamento dos livros da série “Caminhadas” – memoriais em que os alunos relatam suas trajetórias até a universidade.
 
“Aqui está representado o país. Vocês – negros, brancos e indígenas – são a cara desse Brasil. Nós temos a missão de vencer as resistências que ainda impedem o acesso universal e democrático à universidade. Precisamos de mudanças já”, discursou a pró-reitora de Extensão da UFRJ, professora Laura Tavares acerca do caráter plural do encontro.
 
O embrião do Conexões – que começou no Complexo da Maré e se tornou referência nacional, adotado por 34 universidades – foi lembrado por Jailson de Souza e Silva, do Observatório de Favelas. “O desafio agora é mostrar cada vez mais essa cara brasileira e que desse encontro se construa um Plano Nacional de Ações Afirmativas para acabar com a universidade que ainda revela e reproduz racismo, política arrogante e insensibilidade”, ressalta o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Lógica meritocrática
O atual modelo de vestibular foi um dos alvos de críticas. “Ele reflete a desigualdade de uma lógica meritocrática”, afirma a estudante de Direito da UFRJ, Viviane Santos. A representante dos bolsistas reconheceu a importância de mecanismos de democratização, como as cotas, mas alertou sobre a necessidade de se cuidar dos problemas estruturais e da melhoria de todo o ensino da escola pública. Frei David, diretor da Educafro, também esteve presente e lembrou que 47 Instituições de Ensino Superior já adotam algum tipo de ação afirmativa. O frei, porém, ainda continua na expectativa pelas universidades federais do estado: “acreditava que elas seriam a pole-position nesse debate pela inclusão e vejo que ainda há muita lerdeza para se avançar com essa discussão dentro da academia”.
 
A diretora do Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão, Lúcia de Fátima Guerra (UFPB), disse que o “Conexões” espelha a alma da Extensão Universitária, que nasce na comunidade e invade a universidade. “É um programa comprometido com o diálogo de saberes e com a produção de conhecimento. Um trabalho completo e complexo que comprova que a história não é determinista, mas cheia de possibilidades de transformação”, enfatiza a professora. 
 
Apoio a Emir Sader
A reitora da Unirio, Malvina Tânia Tuttman, usou a sua fala para manifestar a sua solidariedade ao professor Emir Sader, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).  O sociólogo foi condenado por injúria num processo movido pelo senador Jorge Bornhausen (PFL/SC).  O motivo: um artigo do professor que analisou a frase “a gente vais se ver livre desta raça (sic)”, usada pelo parlamentar. A par da notícia naquele instante, Ricardo Henriques, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), puxou uma salva de palmas em apoio ao professor da UERJ.
 
“Precisamos trazer o riso e a alegria para a cena pública. A eleição do presidente Lula traz a marca da continuidade e da renovação desse programa. A diversidade étnico-racial como elemento organizador da pauta de Educação, onde todo o seu sistema tenha a visão contínua da qualidade. A desigualdade será derrotada, mas a partir da diferença”, afirmou o secretário da Secad/MEC. 
 
Caminhadas
Os “conexistas” das universidades federais de Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Amazonas, Pará e Paraná lançaram, no seminário, seus livros da série Caminhadas. Os estudantes foram ao palco e contaram um resumo de suas histórias, algumas contadas em versos como a da paraibana Fátima Oliveira, mas todas orgulhosas. “Depois de 27 provas de vestibular, trabalhar como coveiro e gari, entrei para a Faculdade de Medicina. Qualquer um pode conseguir esse sonho e ter sua vaga, até mesmo em cursos de elite”, destacou, com veemência, Raryston Rodrigues, “conexista” da Universidade Federal do Pará (UFPA).
 
O “Conexões de Saberes” trata-se de uma ação afirmativa implementada, em 2004, pelo Ministério da Educação, através de uma parceria com o Observatório de Favelas. Os chamados “conexistas” recebem uma bolsa para desenvolver atividades Pesquisa e Extensão junto às suas comunidades. Um dos objetivos do programas é unir o saber científico e o saber popular, além de se buscar a ampliação das condições de acesso e permanência dos estudantes de origem popular na vida acadêmica.