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Jornada: primeiro lugar do CLA vai para alunos da EBA


O projeto Fotografia Alternativa, Goma Bicromatada ficou em primeiro lugar dentre os trabalhos apresentados no Centro de Letras e Artes, durante a XXVII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural. Desenvolvido na Escola de Belas Artes da UFRJ, pelos alunos Raquel Lima, Bruno Ferraz e Maria Carolina Montano, sob a orientação do Prof. Jacques Augustowsky, o projeto resgata técnica fotográfica do século XIX.

É a primeira vez, que alunos da EBA chegam ao primeiro lugar do CLA, na Jornada que termina nesta quinta-feira, dia 30. A idéia nasceu na aula de Fotografia III, dada pelo orientador, e foi apoiada pelo técnico do laboratório de fotografia, Marco Cadena. Após um ano e meio de pesquisa, os alunos conseguiram ampliar com sucesso as fotografias, utilizando a técnica com as quatro cores, nunca antes realizada no Brasil.

Inicialmente, foi feita uma pesquisa sobre a técnica em livros e documentos. Em seguida, os alunos partiram para o desafio de pô-la em prática. Descobriu-se que, embora houvesse  registros, a técnica havia sido realizada poucas vezes e havia muitos erros nas fórmulas encontradas. Era preciso resgatá-la e modernizá-la. Então, partiram para a pesquisa empírica, modificando uma variável a cada nova tentativa de ampliação e fazendo um relatório dos resultados. Muito trabalho foi necessário para que se chegasse a boas fotografias. São necessárias quatro horas para a aplicação de cada uma das quatro cores utilizadas.

A técnica consiste em utilizar uma fotografia tirada em uma máquina convencional, e scanear seu negativo produzindo um fotolito digital para cada cor. A ampliação da fotografia é feita através da mistura da aquarela na goma arábica com Dicromato de Potássio, solução foto sensível. A  foto é exposta em luz ultravioleta e  gelatina incolor é passada sobre o papel, para ajudar na fixação do pigmento. É possível obter fotografias com efeito de pinturas.  O sistema de quatro cores segue o padrão, ciano, magenta, amarelo e preto e a ampliação é feita em papel aquarelado. Apesar de cara, a técnica não é inviável, podendo-se montar o laboratório fotográfico em casa e a exposição ser realizada com luz solar.

O mercado de fotografia vem sofrendo crescentes impactos com a fotografia digital e a decorrente escassez de papel fotográfico. O projeto  visa resgatar técnicas fotográficas pré-industriais e modernizá-las. Com isso, espera recuperar o valor artístico da fotografia e chamar a atenção para os processos artesanais. O sistema se mostra como uma alternativa passível de reprodução, que dispensa o uso dos papéis fotográficos e possibilita a manipulação da cor  e textura da foto.

A técnica foi criada  na Europa, mas não tem autor conhecido. Ela é resultado da contribuição de diversos fotógrafos e é acrescida de novidades constantemente, já que fatores como: temperatura, lavagem, pincelada, qualidade da tinta e do papel, interferem diretamente nos resultados  das fotos. O grupo pretende reunir as informações e fotografias da pesquisa em um livro, além de dar cursos sobre a técnica e posteriormente comercializar as  fotografias.