O II Seminário Nacional de Saúde da População Negra ocorreu hoje, dia 26 de outubro, no Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se encerra amanhã. Pautado na Política Nacional de Saúde da População Negra, ainda em formulação pelo Ministério da Saúde, o Seminário propõe um debate sobre a questão da saúde da população negra do país.
Segundo o ministro da Saúde, José Agenor Álvares da Silva, esta política nacional parte do reconhecimento de que ainda existe racismo no país, da constatação da discriminação que existe no atendimento e no cuidado à saúde da população negra. “Nosso trabalho só estará completo no dia em que não forem necessários políticas desse tipo. Devemos reconhecer o racismo de nossa sociedade, suprimir esta cultura e criar novos valores de tolerância e solidariedade em relação à população negra brasileira”, afirmou.
A Política Nacional de Saúde da População Negra – produto da articulação entre instituições federais, estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS) e movimentos sociais – visa melhorar as condições de saúde dessa parcela da população, desenvolvendo ações de cuidado e atenção, através de treinamento profissional dos trabalhadores da área, de ações contra agravos e doenças de maior prevalência entre a população negra e de pesquisas, com apoio do CNPq.
Porém, resolver os problemas relacionados a doenças genéticas não é o suficiente para se alcançar os objetivos; outro grande desafio é solucionar questões relacionadas a determinantes sociais, que tangem a saúde da população negra no Brasil, como pobreza e baixa escolaridade. Segundo Paulo Marchiori Buss, presidente da Fundação FIOCRUZ, a questão da saúde da população negra está no contexto da saúde da população brasileira: “não se trata apenas de problema de genética da população negra, mas de uma questão mais ampla, da questão social. Negro é pobre. A luta contra a desigualdade social é a grande luta que a população negra tem que travar com todo o esforço”.
De acordo com o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, a universidade, através de projetos de desenvolvimento que destacam elementos de desigualdade, articula-se com políticas de inclusão e tem ações próprias, particularmente no que diz respeito à pesquisa e extensão. “O estudo desta questão e a proposição de políticas públicas, que visem valorizar a diversidade e eliminar a desigualdade, fazem parte das ações da universidade”, constatou o reitor.
Além do ministro da Saúde, do reitor da UFRJ e do presidente da FIOCRUZ, estavam presentes na cerimônia de abertura do seminário o Secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Antonio Alves e Souza, o Assessor Especial e secretário Executivo do Conselho Nacional de Combate à Discriminação, Ivair Augusto dos Santos, Maria Inês Barbosa, representante da ministra Matilde Ribeiro da Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir)e Regina Célia representante de Nilcéa Freire, ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.