Começou no dia 21, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o I Encontro Nacional de Farmácias Universitárias. Este evento visa a discussão e formulação de um documento que signifique a expressão de uma Farmácia Escola.
Na solenidade de abertura, estiveram presentes a presidente do comitê organizador, professora Elizabete Pereira dos Santos, a professora de farmacotécnica, Rita de Cássia Barros e o diretor da Faculdade de Farmácia da universidade, Carlos Rangel Rodrigues, que em poucas palavras, desejou boas vindas a todos os presentes.
A primeira Conferência do evento contou com a presença do professor/doutor Mauro de Castro, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que apresentou o tema “Farmácia Escola como instrumento formador no ensino farmacêutico”. Segundo professor Castro, no contexto atual, os cursos de farmácia passam por questionamentos nas diretrizes curriculares. A necessidade da formação de um profissional capaz de atuar plenamente na assistência farmacêutica, principalmente na área de atenção ao paciente, é algo que precisa ser pensado no ensino. “Com essas novas diretrizes existe uma mudança de enfoque: de pedagogia tecnicista para algo que pratique a profissão. Há, então, essa mudança do ensino, que inclusive já traz essa questão da Farmácia Escola nas Faculdades de Farmácia”, explica Mauro.
O Brasil esteve por muito tempo afastado dos movimentos de atenção farmacêutica que ocorrem o mundo. As questões básicas para se chegar ao consenso de como começar essas políticas de assistência foram discutidas na Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica. “O que se procura verificar e ouvir são aquelas pessoas que estão tentando trabalhar na área da atenção farmacêutica com a sua visão, desde profissionais das universidades, até os que fazem a sua prática farmacêutica”, detalha o professor.
A discussão ainda atentou para a importância da dispensão medicamental e de como farmacêuticos lidam com isso. “Quantos medicamentos entregamos errado? Não basta entregar. Em se tratando de Farmácia Escola, temos que considerar qual dispensão estamos pensando. O ato que parece mais comum pode ser uma arma”, argumenta Mauro Castro. O professor aconselhou que o aluno deve aprender a trabalhar com a prevenção e recuperação de doenças para compreender o que está dando para o paciente que atende.
A parte da tarde foi reservada à homeopatia. A professora Débora Futuro, da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou as disciplinas de graduação relativas ao tema, o laboratório de homeopatia e a Farmácia Escola, que “foi e é indispensável para o funcionamento do laboratório, por trazer uma grande diversidade de casos”, diz. Além disso, a professora destacou o oferecimento do estágio prático voltado para a especialidade.
A professora Tereza Cristina Leitão, da Universidade Estácio de Sá, detalhou as resoluções do Conselho Federal de Farmácia e as ações da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), que, segundo ela, foram fundamentais para a inserção da homeopatia no cenário farmacêutico. Entre os avanços atingidos, é possível citar a introdução do título de especialização em homeopatia a partir de 1997 e a criação de um programa de pós-graduação em 2001. Tereza ainda luta em sua universidade por uma Farmácia Escola, com implantação de um estágio curricular, um maior número de palestras com especialistas da área e publicação dos trabalhos mais relevantes, pretendendo com isso ampliar a visibilidade do ofício.
A médica Gisela Gomes Galvão, coordenadora do Programa Estadual de Homeopatia da Secretaria de Estado de Saúde, ministrou a palestra Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: a homeopatia no SUS. O processo de institucionalização da homeopatia dependeu de uma série de fatores próprios da máquina burocrática dos serviços públicos. Segundo a doutora, era preciso esperar interesse do gestor e do especialista em reservar um espaço na grade horária para que houvesse atendimento homeopático, já que não havia um concurso específico para área.
Apenas em 1999, houve a inclusão do ofício na tabela do Sistema Único de Saúde e o Programa de medicamentos naturais práticos e complementares (PMNC) determinou uma série de medidas para estruturar a prática homeopática no Brasil, tais como a assistência, definida por atenção básica e respeito às peculiaridades técnicas, financiamento, com o qual, segundo a doutora, o Ministério da Saúde ainda não se comprometeu localmente; e assistência farmacêutica. Hoje a homeopatia está em 20 estados e 100 municípios. O Rio de Janeiro conta com 150 profissionais do SUS, mas apenas dois municípios têm farmácias públicas.
O professor Carlos Ribeiro, da Farmácia Cósmica, apresentou a contribuição da homeopatia para o ecossistema, uma vez que ela provém de matérias primas de origem vegetal, animal e mineral e lança poucos resíduos na natureza, restritos a sacarose, lactose e soluções alcoólicas.
O Encontro Nacional de Farmácias Universitárias continua até o dia 23 e discutirá o acompanhamento farmacoterapêutico, a farmacovigilância e a Farmácia Escola no ensino farmacêutico.