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Aula inaugural fecha ECOmeço

 No último dia 11, foi realizada a Aula Inaugural da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ). O tema foi a Produção Colaborativa de Conhecimento na Internet Brasileira, ministrado pelo antropólogo e diretor de TV, Hermano Vianna. Com cerca de duas horas de duração, a palestra finalizou o ECOmeço, semana de recepção aos calouros da ECO.

A diretora da Escola de Comunicação, Ivana Bentes, abriu o evento com um agradecimento e dizendo, aos novos alunos, o papel da escola: “A ECO tem com função ensinar e fazer com que os alunos criem seus próprios empregos, fugindo do modelo fabril do trabalho em comunicação”. Ela completou afirmando que a ECO é um local de produção de arte, conhecimento, informação.

Logo no início de sua exposição, Hermano Vianna ratificou a importância de se debater o tema em questão: “Hoje, faremos um panorama geral de várias áreas do conhecimento. Como as transformações são muito rápidas, deveria haver um curso desse tipo semestralmente”. O antropólogo disse que seu objetivo ao dar a aula era nivelar conhecimento, tanto dele para com os alunos, quanto o inverso.

Um dos pontos destacados por Hermano foi o que chamou de crise de acesso ao conhecimento. Segundo ele, a Internet vem tomando espaço de várias formas de comunicação em várias partes do mundo. Na música, por exemplo, há uma perda de espaço graças à facilidade para obter obras gratuitamente pela rede. “No Brasil, as grandes gravadoras têm apenas cerca de 110 artistas, que não são necessariamente os mais famosos. O MC Marcinho não tem gravadora, não tem CD próprio e faz sucesso; todos cantam suas músicas”. Além disso, citou também o caso da Folha de São Paulo, que, nos anos 90, vendia 400 mil jornais por dia e, hoje, esse número beira os 300 mil, demonstrando a perda de espaço para os veículos online.

Quando questionado se a divulgação de alguns trabalhos pela rede não seria ilegal, Hermano respondeu prontamente: “Não se pode mais falar em produção pirata, pois não há a oficial. Existem, hoje, artistas que se tornam famosos primeiro na Internet e, depois, chegam às rádios”. Destacou, ainda, o crescimento do número de lan houses em favelas: “Na Rocinha, existem 50 estabelecimentos desse tipo. Neles, as ferramentas mais utilizadas são o Orkut e o MSN”. Com esses dados, o antropólogo concluiu que o Brasil já está alfabetizado na web, afirmando a contribuição do próprio Orkut para isso: “Ele ensina as pessoas a construírem perfis, comunidades virtuais. A partir dele, muitos passam a conhecer outros meios de produzir e ter acesso ao conhecimento, como sites de relacionamentos e blogs”.

No final da aula inaugural, Hermano Vianna convidou àqueles que ali estavam a conhecerem o site pelo qual é um dos responsáveis, o Overmundo.com.br : “No site, fazemos uma grande mistura, formando uma rica produção cultural”.