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Fotografia a serviço da cidadania

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agencia2685T.jpgEstudantes do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação (ECO), da UFRJ, receberam, dia 6 de julho, a convite de Dante Gastaldoni, professor de Fotojornalismo I da ECO, o fotodocumentarista e repórter fotográfico do grupo Imagens Humanas, João Ripper, para uma projeção de fotos comentadas encerrando o primeiro semestre letivo de 2006.

Ripper iniciou sua carreira como fotógrafo aos 19 anos, tendo trabalhado em diversos jornais cariocas, entre eles o Diário de Notícias, a Luta Democrática, a Última Hora e O Globo. “Um dos mais conceituados fotodocumentaristas brasileiros. Ripper trabalhou na grande imprensa antes de integrar a agência de fotógrafos independentes F4, de onde saiu para organizar o Imagens da Terra, um centro de documentação do trabalhador brasileiro. Depois centralizou seu trabalho na agência Imagens Humanas e no Imagens do Povo, uma agência de fotógrafos e também um banco de imagens vinculado ao Observatório de Favelas da Maré” explica Dante Gastaldoni.

Atualmente desenvolve trabalhos de documentação de temas sociais com a proposta de dispor a fotografia a serviço dos direitos humanos. Durante anos dedicou-se a registrar conflitos de trabalhadores rurais sem-terra, o trabalho escravo e também infantil – em carvoarias, madeireiras e no plantio de cana-de-açúcar –, a questão indígena e a realidade de famílias pobres no interior do Nordeste. Ao longo de sua carreira acumulou diversos prêmios, os mais recentes, Prêmio Agenda Latino-Americana, em 2002-03, com o trabalho fotográfico tendo a fotografia a serviço dos direitos humanos e depois, em 2004, um prêmio pelo combate ao trabalho escravo.

Projeto Imagens
O projeto Imagens da Terra visa registrar a realidade dos trabalhadores rurais. Imagens Humanas é um projeto individual que dá continuidade ao retrato de diferentes realidades sociais. Imagens do Povo, por sua vez, é um projeto coletivo funcionando como um banco de imagens do Observatório de Favelas do Complexo da Maré.

Ripper traça o perfil do que seria, para ele, o papel do jornalista comprometido com a transformação social fazendo críticas à forma como a grande imprensa e o Estado tratam a pobreza. O jornalista, para Ripper, tem um papel fundamental na visão que é transmitida sobre as comunidades pobres: “a mídia financia o crime fazendo um estereótipo da pobreza e da noção de exclusão”. O fotodocumentarista diz, ainda, que “o tratamento dado à informação é errôneo e inconseqüente, o jornalista tem que estar ciente do seu papel social e transformador”. Quanto ao Estado, Ripper afirma que “a forma como ele atua nas favelas não visa garantir os direitos dos cidadãos, apenas age como um órgão repressor.”
Mais informações sobre o trabalho do fotodocumentarista podem ser encontradas em www.imagenshumanas.com.br/, www.imagensdopovo.org.br/ ou www.observatoriodefavelas.org.br.