No dia 29 de junho, cem alunos da Turma Aloísio Teixeira, acompanhados dos familiares, lotaram o Salão Azul da Reitoria para a cerimônia de conclusão da primeira etapa de alfabetização do Programa de Alfabetização da UFRJ para Jovens e Adultos. Entre as autoridades presentes, estava o secretário do MEC, Ricardo Henriques, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad).
Desde 2004, o projeto, que pertence à Pró-Reitoria de Extensão (PR-5), ensina moradores de comunidades pobres a ler e a escrever.
As estatísticas comprovam o êxito da iniciativa. Cerca de 80% dos alunos inscritos no programa conseguem ser alfabetizados e 50% atingem os graus mais elevados do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf). “Muitos cidadãos, graças a esse projeto, saem da dramática taxa brasileira de analfabetismo”, afirma Marisa Leal, coordenadora geral do curso.
Marluce Souza, 49 anos, é um exemplo do sucesso do programa. Quando começou a freqüentar as aulas, há seis meses, Marluce não sabia sequer escrever o próprio nome. Hoje, a sergipana classifica o projeto como uma das melhores coisas que aconteceram em sua vida. “Nunca pude estudar. Minha mãe teve muitos filhos e precisei começar a trabalhar muito cedo, mas agora eu quero estudar bastante”, assegura.
Depois de serem alfabetizados, os alunos são encaminhados para a Rede Pública Regular de Ensino. O objetivo é que os participantes dêem continuidade aos estudos. Severino de Oliveira, 40 anos, ingressou no projeto em 2004 e, atualmente, cursa a primeira série do Ensino Fundamental. “Aprendi muita coisa boa para mim e para minha família aqui. Eu quero fazer cursos e melhorar de emprego”, diz.
O Programa de Alfabetização da UFRJ reúne onze turmas espalhadas pelas zonas mais marginalizadas do Rio de Janeiro. As aulas são ministradas à noite e em instalações localizadas nas próprias comunidades. Estudantes da graduação e mestrandos de diversos cursos da UFRJ participam como professores do projeto. Para Carla Ribeiro, da Faculdade de Letras, a experiência à frente de uma turma de alfabetização foi gratificante. “O programa aumenta a baixa auto-estima dos alunos. Conseguimos dar a eles uma perspectiva de futuro”.
As lições do projeto não se restringem aos limites físicos das salas de aula. Os alunos realizam uma série de atividades externas. A turma Aloísio Teixeira visitou pontos turísticos da cidade, como o Jardim Botânico e o Planetário da Gávea; assistiu a filmes e documentários nacionais e foi a mostras de artes no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
De acordo com Laura Tavares, pró-reitora de Extensão, a mobilização dos diretores de unidades e dos decanos dos centros da UFRJ foi decisiva para a realização do programa de alfabetização. A professora destacou ainda o caráter de inclusão social que a iniciativa apresenta. “Não estamos aqui para reproduzir a desigualdade externa. Queremos mudar essa realidade”, completou.