O prêmio Nobel de Medicina de 1989, Harold Varmus, Presidente do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center e ex-diretor do National Institute of Health visitará na segunda-feira, dia 27, o Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear, da UFRJ, e falará, às 15h, no Instituto de Bioquímica Médica (auditório do Departamento de anatomia do CCS), sobre os avanços das pesquisas em câncer nas últimas décadas.
Nascido nos Estados Unidos, Varmus recebeu, em conjunto com Michael Bishop, o prêmio Nobel pela descoberta dos oncogenes. O estudo do câncer humano foi alterado fundamentalmente nas três últimas décadas pelas descobertas de genes – oncogenes, genes supressores de tumores e genes que governam a estabilidade do genoma – que desempenham papéis importantes no desenvolvimento do câncer, quando são afetados por vários tipos de mutações, a maioria ocorrendo em células somáticas após o nascimento.
Varmus e Bishop tiveram papel significativo sobre a concepção de que, em geral, as células cancerosas parecem ser dependentes de um ou poucos oncogenes ativados para manter sua condição oncogênica, e muitas vezes para a viabilidade celular. Daí decorre que, para qualquer câncer específico, deveria ser possível controlar e talvez mesmo eliminar células cancerosas com um agente ou com uma combinação de um pequeno número de drogas direcionadas ou anticorpos, a despeito de extensas alterações genéticas na célula cancerosa. Para conseguir isso, será necessário catalogar com mais detalhes os genótipos das inúmeras formas de câncer e descobrir mais terapias direcionadas especificamente contra um número maior dos muitos genes que têm sido implicados na carcinogênese por mutações em suas funções.
Serão discutidos estudos recentes de adenocarcinomas humanos de pulmão e cânceres análogos induzidos em camundongos por oncogenes pertencentes às famílias de receptores Ras e fator de crescimento epidérmico. Serão empregadas informações sobre dependência oncogênica de tumores nos modelos com camundongos, sobre a importância de genótipos na escolha de drogas para o tratamento do câncer pulmonar humano, e sobre o papel de mutações secundárias na resistência adquirida a inibidores da proteína-tirosina quinase, para propor a idéia de que a maioria ou a totalidade dos cânceres se tornará finalmente desordens altamente controláveis.