Categorias
Memória

Escola de Música recebe o ministro da Cultura

ffff

agencia1899T.jpgPor quase uma hora e meia o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, falou para uma platéia de estudantes, funcionários e professores que lotava o auditório Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ, na última terça-feira, 10 de maio. O Ministro foi convidado pela instituição para proferir a Aula Magna, inaugurando o ano letivo da Escola de Música. Estiveram presentes ao evento o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, o decano do Centro de Letras e Artes, Léo Soares, a diretora e o vice diretor da Escola de Música, Harley Elbert e Jorge Ranevski, respectivamente, e a presidente da Funarte, Ana de Holanda.
Antes que a Aula Magna fosse iniciada, a diretora Harley Elbert chamou a professora Beth Lucas e a aluna Lívia Dias para interpretarem o Hino Nacional Brasileiro.
Após a execução do Hino, a professora Harley Elbert leu um texto no qual destacou a diversidade cultural brasileira e fez uma síntese da história da Escola de Música, que em agosto deste ano irá completar 157 anos de existência. Elbert também citou a deterioração pela qual vem passando o patrimônio sociocultural da Escola de Música nos últimos anos.
-Esse patrimônio vem se deteriorando em função de vários fatores, sendo o principal a escassez de recursos para a manutenção dos imóveis e da mobiliária existente na Escola, disse ela.

Bastante aplaudido
Ao ser chamado para sentar-se a mesa pelo reitor Aloísio Teixeira, o ministro Gilberto Gil foi bastante aplaudido pelos que estavam presentes no auditório Leopoldo Miguez. Porém, antes que o ministro iniciasse a aula, o professor Aloísio chamou o aluno Vítor, representante dos estudantes no Conselho Universitário, que havia solicitado um breve tempo ao reitor para dizer algumas palavras.
Para a surpresa de todos, Vítor e mais três estudantes cantaram uma música, parodiando uma das canções do ministro Gilberto Gil, na qual pediam que algo de urgente fosse feito para que se melhorasse a Escola de Música. “Enquanto alguém não refizer esta Escola vamos todos pedir esmola para o governo e seu patrão”, dizia um dos trechos da melodia.
O ministro recebeu com bom humor a manifestação dos estudantes. Segundo ele, em tempos de flexibilização de propriedade intelectual e de direitos autorais , fica dispensada a autorização para a paródia, se referindo à música feita pelos alunos.

Discurso
Em um discurso que continha 17 páginas, o ministro Gilberto Gil falou sobre sua satisfação de estar em uma Escola de Música como aquela e discorreu sobre a política cultural que está sendo implementada por ele a frente do Ministério da Cultura. Segundo Gil, desde o início deste governo, o ministério vem ampliando o conceito de cultura, passando a considerá-la não apenas as belas artes, mas o conjunto de signos e valores do povo brasileiro.
O ministro ressaltou o caráter estratégico da cultura e das atividades de produção e difusão de bens e serviços culturais como importantes instrumentos de impacto positivo na renda, no emprego e na formação do capital humano da sociedade.
– Pode – se dizer que a produção cultural, em todas as suas formas e meios, constitui uma das principais economias do Brasil, que deve ser percebida enquanto tal e aproveitada. O samba do Rio, o Carnaval de Salvador e Recife, a festa de Parintins, assim como o cinema, o teatro e companhia, constituem economias de alto valor agregado, disse .
A cultura, segundo Gil, deve estar conectada principalmente à economia e à política, por ser ela algo tão fundamental precisa de atenção, de cuidado, de interesse. Precisa do investimento de todos:governos, empresas, organizações não – governamentais, cidadãos.
Gil ainda lembrou o processo de formação do Brasil e da sociedade brasileira que possui como marca principal a mestiçagem que, para o ministro, encontra-se na base da constituição da atual sociedade, influenciando no modo como se dão as relações sociais e a produção da cultura, em termos simbólicos e concretos.

Último do ranking
Gil mencionou a atual situação dos funcionários do Ministério da Cultura, que encontram-se em greve, reivindicando melhores salários e condições de trabalho, além do estabelecimento de um plano de carreira para a categoria. Isso acontece por que o MinC tem ocupado os últimos lugares no ranking do orçamento do país, sendo um dos menores ministérios, em número e qualificação de servidores, afirmou o ministro.

Encerramento
No fim da cerimônia, o reitor Aloísio Teixeira lembrou do tempo em que o ministro foi estudante e destacou o caráter de ousadia, que para ele é o maior patrimônio da universidade, da manifestação dos estudantes no início da solenidade.
– Hoje houve uma manifestação de estudantes com ousadia, com desprendimento, com todos os traços próprios da juventude , afirmou o reitor. “ Uma paródia digna de sua juventude”, completou o ministro.
Aloísio também lembrou que a universidade convive diariamente com a ousadia, destacando a intensa diversidade que há na instituição.