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Alfabetização na Maré colhe seus primeiros frutos

A um mês de completar seu primeiro aniversário, o Programa de Alfabetização da UFRJ para Jovens e Adultos da Maré já tem motivos para comemorar o sucesso de seus projetos. Convidando moradores do bairro da Maré a reiniciar seus estudos, o programa ainda tem como produto a criação de um núcleo de pesquisas em metodologias de ensino – o NUPEEJA (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos), do CNPq.

agencia1603T.jpgA um mês de completar seu primeiro aniversário, o Programa de Alfabetização da UFRJ para Jovens e Adultos da Maré já tem motivos para comemorar o sucesso de seus projetos. Convidando moradores do bairro da Maré a reiniciar seus estudos, o programa ainda tem como produto a criação de um núcleo de pesquisas em metodologias de ensino – o NUPEEJA (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos), do CNPq.

O atual reitor da Universidade, Aloísio Teixeira, logo após sua posse, mostrou interesse na realização de parcerias de apoio à população da Maré. Seguiu-se, a partir deste momento, a questão da alfabetização. Tal fato deveu-se, principalmente, ao resultado do censo realizado pelo CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), no ano de 2000, que revelaria o índice de 10% de analfabetos do total da população da Maré, que é de 130 mil habitantes.

O programa – coordenado por Eliana Sousa Silva, Ana Paula Moura e equipe – começou em janeiro, atuando na comunidade Nova Holanda, na Maré. “ No primeiro semestre, tínhamos 30 bolsistas e 26 turmas, com recursos do MEC, obtidos através do Edital Proext/2003 (Programa de Apoio à Extensão Universitária voltada para Políticas Públicas). Depois, concorremos ao edital do “Brasil Alfabetizado” e fomos aprovados, só que até agora não saíram os recursos. Estamos esperando que saiam em dezembro. Portanto, o que aconteceu: não conseguimos abrir todas as turmas previstas para segundo semestre de 2004 e tivemos que abrir apenas 13 turmas em agosto”, explica Ana Inês Sousa, diretora da Divisão de Programas e Projetos, da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ (PR-5).

Para o próximo ano, estão previstas 28 turmas na Maré, uma na Vila Residencial da UFRJ e uma no anexo da PR-5 – esta última nomeada “turma experimental”, por se tratar de um grupo responsável por testar metodologias de ensino. “Essa turma será aberta ao público e esperamos abarcar inclusive pessoas que trabalham aqui, na Universidade”, declarou Ana Inês.

Segundo Eliana, coordenadora do Programa e presidente do CEASM, o maior desafio consiste em acompanhar o desenvolvimento dos alunos, no sentido de que seis meses de programa, muitas vezes, é insuficiente para a finalização do processo de aprendizagem da leitura e da escrita. “Essas pessoas já passaram por tantas experiências na vida que elas mesmas não acreditam na capacidade delas. Temos um trabalho difícil que é o de superar essas dificuldades. Ampliamos o número de alunos, mas ainda temos aqueles que precisam continuar no programa. Os outros foram encaminhados para escolas do município. Nosso desafio é dar essa continuidade e respeitar o desenvolvimento de cada um”.

Neste ano, o programa abarcou cerca de 760 moradores da Maré, obtendo resultados bastante satisfatórios. “Estou aqui há 3 meses. A motivação que me trouxe aqui foi por eu acreditar que a visão daquele que sabe ler e escrever é mais clara em todo lugar que chega, seja pra conversar, seja pra preencher uma papelada. Estou adorando as aulas, o professor é muito bom e a turma toda, em geral”, falou Maria José da Conceição, integrante da turma do professor Fábio Rodrigues. “Estou aqui pelo desejo de transformação social, pela troca de experiências, pela vontade de intervir no local de origem.”, resumiu Fábio, da Escola de Ciências Sociais.

Com a meta de erradicar o analfabetismo da população residente na Maré e monitorar os participantes, o programa ainda se caracteriza oferecer um curso de formação de alfabetizadores. Este tem sido ministrado no anexo da PR-5, por professores de diversas unidades da UFRJ, como as escolas de Letras, Serviço Social, Educação e o Instituto de Matemática, além da própria Pró-Reitoria de Extensão. O curso é voluntário e aberto aos alunos da Universidade interessados em participar da seleção para obtenção de bolsas para alfabetizadores.