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Publicidade de medicamentos é monitorada

lalala

agencia1492T.jpgUFRJ debate monitoramento de publicidade de medicamentos

A II Etapa do Projeto Monitoração de Publicidade de Medicamentos foi tema de debate na última sexta-feira, 1° de outubro, no auditório Hélio Fraga do Centro de Ciências da Saúde (CCS).
O evento contou com a presença da Gerente de Controle e Fiscalização de Medicamentos e Produtos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Maria José Delgado, dos coordenadores do projeto na UFRJ, professores Hélio de Mattos e Eliezer Barreiro, além de docentes e alunos de diversas universidades e faculdades do Brasil.
Para Maria José Delgado é importante combater a propaganda irregular, pois ela pode trazer riscos à população. “A propaganda deve ser observada do ponto de vista da saúde dentro de um tom de monitoração, para que a população tenha através das peças de publicidade a informação correta sobre o medicamento”.
Jussara Soares, coordenadora do Projeto de Extensão: Monitoração de Propaganda de Produtos sob Vigilância Sanitária da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou o grupo de alunos de Medicina que exibiu trechos do trabalho final da disciplina:Trabalho de Campo Supervisionado I, para alunos do 1° período de medicina da UFF. A professora lembrou, ainda, o fato da cultura dos medicamentos no Brasil ser deplorável.
O grupo, composto por Ariane Binoti, Bernardo Lasmar, Domingos Brum, Felipe Malafaia e Igor Lins da Silva, produziu um vídeo em forma de documentário, no 2° semestre de 2002, antes da proposta da Anvisa, com depoimentos de industriais, propagandistas e médicos para observar como o marketing influencia na prescrição de medicamentos. Um dado alarmante foi levantado: cerca de 70% dos médicos não sabem, de fato, o que prescrevem.

Consumo induzido

De acordo com dados da Agência Brasil, o Brasil está entre os países que mais consomem medicamentos no mundo, ocupando o 10º lugar no ranking mundial do mercado farmacêutico, com 1,6 bilhões de caixas vendidas em 2002.
A professora da Universidade de Uberaba (UniUBE), Dirce Sofia Fabbri, apontou o problema da influência da mídia no consumo indiscriminado de medicamentos e propôs trabalhar políticas de conscientização no Ensino Fundamental para diminuir este problema. Hélio de Mattos, professor da Faculdade de Farmácia da UFRJ, ressaltou a ação das mídias direcionadas às classes C e D, incitando a automedicação em anúncio de emagrecedores, energéticos, anti-stress, para disfunções sexuais, entre outros.
Hélio de Mattos tem a idéia de fazer uma articulação entre a UFRJ e a UFF para promover um encontro regional de monitoração da publicidade e propaganda de medicamentos envolvendo todas as faculdades de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro.
Eliezer Barreiro afirmou que é necessário entendermos que o medicamento, além de corrigir e trazer o doente ao seu estado de saúde, promove a saúde. “É importante este resgate, no ensino farmacêutico, das questões da propaganda e da monitoria nas questões éticas para fazer da propaganda um importante instrumento na formação de um cidadão crítico”.
A segunda etapa do programa prevê trabalho em parceria com Faculdades de Farmácia, Comunicação Social, Direito, Medicina, Biologia, Nutrição, Odontologia, Enfermagem de universidades públicas e privadas brasileiras, sendo que, no mínimo, cada uma das cinco regiões do país esteja representada por, pelo menos, duas universidades. O projeto terá duração de 12 meses e agregará ao seu objetivo a monitoração da propaganda de alimentos especiais, infantis e de produtos para a saúde.
Uma das intenções do projeto é informar à população que o medicamento pode ser extremamente perigoso se utilizado sem o acompanhamento de um profissional da saúde. Em 2001, o número de casos de intoxicação por medicamentos foi de 20.534, superior a todos outros tipos de intoxicação no país.
Na primeira fase do projeto foram captadas 6.000 peças publicitárias, sendo que 2.000 delas estão sendo analisadas por especialistas na área de política e comunicação, que emitirão relatório a ser enviado para uma universidade conveniada, dedicada a um projeto de educação, que irá elaborar cartilhas, cartazes.