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Seminário sobre os 35 anos do Jornal Nacional

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A Coordenação de Jornalismo e o Núcleo de Imprensa da Escola de Comunicação da UFRJ realizaram no dia 31 de agosto, o seminário A Construção da Notícia – fazendo e pensando os 35 anos do Jornal Nacional. O evento promoveu um debate com profissionais do mercado sobre a formação acadêmica, o exercício profissional e a função social do jornalismo.
A mesa dos palestrantes foi composta por: Alice Maria (coordenadora), Willian Bonner (editor-chefe e âncora), Fátima Bernardes (editora e âncora), Ernesto Paglia (correspondente), José Carlos Azevedo (cinegrafista) e Alexandre Arrabal (diretor de arte).
A jornalista Fátima Bernardes, formada pela Escola, iniciou o seminário falando da expectativa ao irem à Universidade para conversar com os alunos sobre os 35 anos do Jornal Nacional e o trabalho que realizam, discutindo sobre o que é feito e de que forma as matérias são selecionadas para irem ao ar. Falou-se da importância da televisão na vida das pessoas e do seu poder de atingir uma nação como a nossa, onde ainda se lê muito pouco e a população não tem dinheiro para comprar revistas e jornais.
“Nós somos normais, feitos de carne e osso, com erros e acertos, mas com muita vontade de acertar. Não há maquinação. É um jornal que faz um trabalho sério, que tem muita audiência e credibilidade, e isso deve ser respeitado”, afirmou Fátima.
Na comemoração dos 35 anos, foi lançado um livro e um dvd com as melhores matérias produzidas, as falhas e os acertos, todos devidamente explicados. Assim como as mudanças ocorridas no Jornal ao longo desses anos, incluindo a troca da direção nos últimos cinco anos e a preocupação de se aprofundar os temas, mesmo disponibilizando apenas dos 21 minutos de programa. A idéia foi desenvolver um material amplo e interessante, com chamadas atraentes para os espectadores. Surgiram então as séries, cenas que estão bem organizadas no dvd.
Alice Maria explicou a formação do Jornal Nacional, que entrou no ar em setembro de 1969. Desde o início houve a preocupação com o texto e as imagens. Era formado por jovens, já que os jornalistas mais experientes ganhavam melhor nos jornais impressos, além da televisão ser um veículo novo. Foi o primeiro telejornal que entrava ao vivo para todo o Brasil, o que acabou gerando uma grande expectativa no país, principalmente nos lugares mais distantes, em que a informação chegava no dia seguinte.
“Credibilidade não se impõe, se constrói”, essa foi a frase inicial do editor-chefe e apresentador, Willian Bonner, que ressaltou o compromisso que o JN tem com o público em mostrar o que acontece no dia no Brasil. Segundo ele, é uma cobertura factual que adianta o que vai estar nos principais jornais do país, no dia seguinte. Bonner é o principal responsável pela edição dos vídeos, e por isso tem muito cuidado com o que vai ao ar, evitando imagens violentas, que possam chocar o público, formado também por crianças.
O diretor de arte Alexandre Arrabal falou da importância da identidade visual do JN, que além de retratar a personalidade do jornal, dá mais qualidade na forma como a notícia é apresentada. As animações são informativas e explicativas e tudo é pensado para deixar claro o que está sendo apresentado.
O cinegrafista José Carlos Amaral explicou a diferença entre um câmera-man, que trabalha em novelas e é dirigido. Um repórter cinematográfico deve ser antes de tudo um bom jornalista, suas imagens devem ter lógica com a pauta, e para isso é preciso ser bem informado quando chega na redação e estar ‘bem-casado’ com o repórter.
Ernesto Paglia falou da importância de um correspondente e das agências de informação para a elaboração das notícias internacionais. Pelo fato de possuir uma boa equipe internacional, o JN concorreu com a BBC de Londres pela melhor cobertura sobre o atentado do dia 11 de setembro. Mas não só as boas reportagens foram comentadas, surgiram muitas perguntas, questionamentos e críticas sobre determinados episódios que até então não tinham sido devidamente esclarecidos.
No mesmo dia, houve a festa de lançamento do livro para comemorar a data, o que contou com a presença da atual equipe e de todos os outros funcionários que fizeram parte do Jornal Nacional.