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UFRJMar é sucesso em Arraial do Cabo

A UFRJ, em parceria com a Marinha do Brasil e a Prefeitura de Arraial do Cabo, realizou na última semana de maio o 3o Festival UFRJMar. Pela segunda vez, o evento aconteceu em Arraial, dando continuidade ao sucesso do ano passado.
Alunos, professores e funcionários da Universidade ofereceram diversas oficinas para a comunidade local e arredores, propiciando um grande aprendizado para os participantes e mostrando como é importante levar a “sala de aula” extra muros.

A UFRJ, em parceria com a Marinha do Brasil e a Prefeitura de Arraial do Cabo, realizou na última semana de maio o 3o Festival UFRJMar. Pela segunda vez, o evento aconteceu em Arraial, dando continuidade ao sucesso do ano passado.
Alunos, professores e funcionários da Universidade ofereceram diversas oficinas para a comunidade local e arredores, propiciando um grande aprendizado para os participantes e mostrando como é importante levar a “sala de aula” extra muros.
“O UFRJMar é um projeto de extensão que visa levar a UFRJ para áreas onde ela não está presente e criar uma relação virtuosa com a comunidade local”, afirmou o prof. Fernando Amorim, coordenador do projeto, durante a cerimônia de abertura ocorrida em 24 de maio, no auditório do Hotel Ressurgência, na Praia dos Anjos.
O evento teve início com dois dias dedicados a seminários e palestras sobre a importância da maritimidade, projeto e construção de embarcações, fontes alternativas de energia, entre outros.
Ao longo da semana a população pôde aproveitar as oficinas práticas que ocorreram até o domingo. No pátio da Secretaria de Educação, localizada em frente a Praia dos Anjos, crianças de escolas da região e também vindas de Macaé puderam produzir mini barcos na oficina Construção de Embarcação, coordenada pelos alunos de engenharia naval da UFRJ, e ainda adquirir conhecimentos básicos de nós utilizados por marinheiros com o Mestre Moreira do Pólo Náutico da UFRJ na Oficina de Marinharia.
Wal Souza, aluna de mestrado da Faculdade de Letras/UFRJ, coordenava a Oficina do Saber sob tenda armada neste mesmo pátio. As crianças construíram um caleidoscópio além de outros objetos. “Nosso objetivo com esta oficina é mostrar que é possível uma pedagogia a partir da construção e refletir sobre os componentes do saber de uma construção”, afirmou.
No calçadão da Praia dos Anjos, um muro de escalada, de 8m, montado pelos alunos da Escola de Educação Física e Desportos – EEFD, chamava a atenção. As crianças organizaram-se em fila para praticar a escalada. Aliás, não só as crianças, mas toda a comunidade e os alunos dos outros cursos da universidade tentaram escalar o muro. Uma média de 300 pessoas por dia participou da oficina.
O Muro de escalada faz parte do Projeto Calango, coordenado pelo professor Armando Alves. A intenção da EEFD é partir com este Muro itinerante para diversos eventos da Universidade além de construir um muro fixo no próprio Campus. Este projeto visa não apenas a escalada esportiva, mas funcionar como um experimento acadêmico de ensino, pesquisa e extensão. O professor Armando fala da importância deste projeto: “Instalar este muro na Universidade nos possibilita trabalhar com crianças portadoras de necessidades especiais, como Síndrome de Down e ainda crianças hiperativas ou até mesmo dependentes de cadeira de roda. Com um Muro instalado no Fundão, poderemos atender a crianças da Vila residencial e do Complexo da Maré, por exemplo. Daí a importância e a necessidade de apoio da reitoria”.
Coordenados pelo professor Augusto Lopes da EEFD, os alunos Daniel, Vanessa, Carolina, Ilson e Gabriel realizaram, na Praia dos Anjos, a oficina de capoeira. Com muita música e gingado, as crianças puderam aprender um pouco dessa arte-luta que faz parte da nossa cultura folclórica. Para o aluno Daniel, o “Paçoca”, o objetivo da oficina é justamente apresentar, de forma lúdica, a capoeira para comunidade local, além de outras manifestações como Maculelê. As crianças vivenciaram as brincadeiras de pega (pique-capoeira), a musicalidade com instrumentos e os cânticos, e ainda participaram de rodas animadas, colocando em prática o aprendizado durante a oficina. “Com esse projeto, a gente pode expandir a cultura da capoeira e trocar experiências com o grupo da luta. É importante esse intercâmbio”, completou Daniel.
A educadora Sophie de Panaskhet, do Instituto para o Desenvolvimento e Comunicação, realizou com as crianças a oficina de pintura em vela. O Instituto conta como apoio da Secretaria de Ação Social de Arraial do Cabo e visa outros projetos em parceria com a UFRJ.Outra oficina também dedicada a crianças foi realizada pela equipe da Escola de Belas Artes (EBA),sob a Coordenação do professor Enéas de Medeiros Valle e seus monitores,na qual foram feitos trabalhos de pintura,corte e colagem.
A dança também esteve presente no evento. A oficina de dança de salão, coordenada pela aluna Fernanda Beatriz, agitou moradores, alunos e professores da UFRJ num grande baile. Todos aprenderam os passos básicos dos diversos ritmos, como bolero, soltinho, samba e forró.
Um dos momentos mais esperados pelo festival foi a regata que aconteceu nos dois últimos dias. Os alunos da Engenharia Naval da UFRJ e do Colégio Naval disputaram a regata na categoria Dingue. Em três baterias, as velas realizaram o percurso triangular. Como já era esperado, a vitória ficou com os alunos da UFRJ.
Outro momento de confraternização, que uniu alunos e professores, foi o campeonato de handebol, também realizado nas areias da Praia dos Anjos.
Nas noites do Festival, o público ainda pôde conferir apresentações de teatro, organizadas pelos alunos de Direção Teatral da Escola de Comunicação da UFRJ. Na programação, esquetes encenados no evento 64+40 – Golpe e Campo(u)s de Resistência, também realizado este ano pela UFRJ. Textos de luta contra a ditadura militar, a censura e repressão sofridos pelo Brasil durante os “anos de chumbo”, como Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes, um dos primeiros espetáculos teatrais de resistência ao arbítrio, e A Pandoga e a Lei”, de João das Neves, escrito durante a Campanha da Anistia para falar sobre a tortura, as mortes não esclarecidas e a Lei de Segurança Nacional e suas conseqüências.
“Na platéia, a comunidade assistia entusiasmada ao espetáculo. Alunos e professores de escolas municipais vivenciaram um pouco da nossa história mal contada nos livros. Rosana Andréia, educadora, estava emocionada: “Acho o projeto sensacional. Quando se consegue unir a arte com a história é maravilhoso, ainda mais para que as crianças possam presenciar aqui nossa realidade, encenada por estes alunos. É uma oportunidade única”.
Já no Sábado, dia 29, a platéia lotou o teatro de arena, que fica no centro de Arraial do Cabo. Depois da apresentação do violonista Eduardo Camenietzki, que tocou músicas de Villa Lobos a Luiz Gonzaga, a Companhia Folclórica da Escola de Dança da UFRJ fez uma belíssima homenagem às manifestações folclóricas do nosso país e agitou o público.
Os trinta componentes, entre alunos e professores, apresentaram a Folia de Santa Cruz, o Boi de Mamão, Ciranda de Paraty, O Coco de Pernambuco, Cirandas de Pernambuco e, por fim, a Quadrilha que envolveu quase todos que assistiam. Foi a segunda vez que a Cia participou do festival e, mais uma vez, repetiu o grande sucesso.
Mas o evento ainda tinha mais a oferecer. A Marinha do Brasil abriu as portas do Museu do Mar do IEAPM – Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira –, mostrando seu acervo, desde instrumentos de navegação até exemplares de animais marinhos, e contando um pouco de sua história. Ainda realizou as visitas aos Faróis Novo e Velho, este na Ilha do Cabo Frio, construído em 1930. O Comandante Canabarro guiou o grupo em uma caminhada de uma hora e meia, por uma trilha na mata semi-fechada até o Farol, que fica a 395m de altitude. Em uma vista privilegiada, via-se de cima a Lagoa de Araruama, Búzios e a Serra.
Para os amantes do mar, a oficina Batismo no Mundo do Submarino garantiu o mergulho nas águas de Arraial. Uma das oficinas mais disputadas do evento, o batismo reunia grupos de 20 pessoas para vivenciarem, pela primeira vez, a aventura entre peixes, tartarugas, cavalos marinhos, dentre outros animais marinhos. Antes do mergulho de aproximadamente 10m, o instrutor ensinava as técnicas do mergulho para os iniciantes.
O UFRJMar 2004 pode ser considerado um sucesso, envolveu 180 alunos, 40 professores e 30 servidores. A equipe da Assessoria de Comunicação, que acompanhou todo evento, entrevistou vários participantes e pôde conferir a alegria e satisfação daqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o 3º Festival UFRJMar.
O evento continua ano que vem, ainda em Arraial do Cabo, mas novas propostas virão, como afirmou o coordenador geral, prof. Fernando Amorim. “Talvez para o próximo ano, o festival terá duas sessões, uma para o primeiro semestre, outro para o segundo, em dois lugares diferentes”. Para quem ainda não conhece o Festival UFRJMar, vale a pena participar desse “grande aulão”, contribuindo nas futuras oficinas criadas pela comunidade acadêmica.

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