Tomará posse no próximo dia 2 de março, terça-feira, o novo diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, o pesquisador e professor Rafael Linden. Chefe do Laboratório de Neurogênese e membro do Programa de Oncobiologia, Linden tem novos projetos para o IBCCF.
“Minha visão do Instituto é a de um núcleo de geração de inovação em todas as suas instâncias: na bancada do laboratório, na organização interna, na interação com as outras unidades da UFRJ e com o mundo fora da Universidade”, afirma o professor.
Segundo ele, o histórico da Instituição é de produção científica de alto nível nas várias áreas de trabalho encontradas no IBCCF, sempre com grupos que figuram entre os mais importantes do país e com forte inserção internacional.
Sobre as dificuldades encontradas na UFRJ, Landen aponta algumas como a carência crônica de verbas para investimentos, a deterioração das instalações prediais e do campus como um todo, além da imprevisibilidade dos financiamentos à pesquisa. Mas o novo diretor afirma que tais dificuldades têm raízes múltiplas e que transcendem da UFRJ e de outras universidades federais.
“Confio que a UFRJ encontrará o caminho da modernização e aproveitará os talentos que compõem seus quadros mais significativos para cumprir sua parte na construção do progresso nacional”, completa Rafael Landen.
A cerimônia acontece às 16 horas, no Anfiteatro do Instituto de Biofísica.
Entrevista cedida à jornalista Claudia Jurberg:
UFRJ – Quais são suas perspectivas frente ao IBCCF ?
Linden – O IBCCF tem um plantel de profissionais de alto nível em suas várias gerações, desde as principais lideranças científicas e técnicos maduros em atividade até jovens professores recém-contratados. O histórico da Instituição é de produção científica de alto nível nas várias áreas de trabalho encontradas aqui, sempre com grupos que figuram entre os mais importantes do país e com forte inserção internacional. Há um clima favorável na Instituição para interações multidisciplinares com potencial para produzir saltos qualitativos na pesquisa do IBCCF. Os laboratórios são relativamente bem equipados e os grupos de pesquisa estão capacitados para implantar as tecnologias mais modernas de investigação biomédica sempre que houver oportunidade de financiamento. Portanto, o IBCCF tem uma estrutura institucional favorável para continuar na linha de frente da pesquisa biomédica em âmbito nacional e internacional.
Além disso, o IBCCF tem uma tradição de pioneirismo iniciada por Carlos Chagas Filho no estabelecimento da própria pesquisa biomédica dentro da Universidade, passando pelas primeiras iniciativas de organização multidisciplinar que atravessaram departamentos e unidades da UFRJ, flexibilização de suas próprias unidades internas para atender à dinâmica da ciência moderna, e criação de novas modalidades de formação universitária. Minha visão do Instituto é a de um núcleo de geração de inovação em todas as suas instâncias: na bancada do laboratório, na organização interna, na interação com as outras unidade da UFRJ e com o mundo fora da Unversidade.
UFRJ – Qual a sua opinião sobre programas transdepartamentais na UFRJ, como por exemplo o Programa de Oncobiologia ?
Linden – Na minha opinião, o programa de Oncobiologia, tal como outros programas transdepartamentais em funcionamento na UFRJ como o Programa Avançado de Neurociências do qual fui um dos fundadores há mais de 15 anos, é uma forma de associação flexível, moderna e adequada para o rápido avanço da ciência. Estes programas respondem a uma demanda por interação de pesquisadores e profissionais cuja lotação formal em departamentos e institutos tem uma função administrativa compreensível e necessária mas que, por sua rigidez, não atende à capacidade de contribuir em múltiplos campos de investigação, o que hoje é característico de bons grupos de pesquisa. No caso particular de câncer, representa uma oportunidade ímpar de expandir a pesquisa na área, que é pouco desenvolvida no Estado do Rio de Janeiro em comparação, por exemplo, ao Estado de São Paulo.
UFRJ – Quais são as maiores dificuldades encontradas na UFRJ ?
Linden – O engessamento das carreiras docentes e, principalmente técnico-administrativas, a carência crônica de verbas para investimentos, a deterioração das instalações prediais e do campus como um todo, a rigidez de muitos currículos, a burocracia paquidérmica. Adiciona-se o principal problema de financiamento à pesquisa que é a imprevisibilidade, que eu considero mais deletéria até do que o baixo volume de recursos. Mas essas dificuldades têm raízes múltiplas, várias das quais transcendem a UFRJ e o conjunto das universidades federais.
UFRJ – Como você imagina a UFRJ do futuro ?
Linden – Eu sou um otimista. Confio em que a UFRJ encontrará o caminho da modernização e aproveitará os talentos que compõem seus quadros mais significativos para cumprir sua parte na construção do progresso nacional. Confio, ainda, que a universidade brasileira, como um todo, encontrará os caminhos para que cada uma desenvolva sua vocação, se adapte às necessidades regionais e compartilhe do sistema universitário nacional de uma forma eficaz.
UFRJ – Um desejo para a ciência ?
Linden – Que ela se torne “um objeto do desejo” da sociedade. Que todo o cidadão perceba que o avanço da ciência é uma conquista da humanidade, que cada um de nós é sócio ou dono de um pedaço de todas as conquistas científicas e que, portanto, essas conquistas merecem a cobiça e o apego que, em geral, só se dedica a bens materiais.