“Um curso como esse resgata a dignidade de muita gente.”
Bernad Condorcet, aluno com deficiência visual.
O NCE – Núcleo de Computação Eletrônica – realiza um curso pioneiro que traz esperança para os deficientes físicos e visuais. Trata-se do Projeto Habilitar que oferece, atualmente, aulas de informática com formação profissional para treze alunos na área de rede de computadores. Um dos objetivos do curso é formar profissionais capacitados que possam vencer suas limitações e ingressar no mercado de trabalho. Mas, para isso, as empresas devem se interessar pela proposta e oferecer oportunidades de estágios.
Segundo o aluno, Bernard Condorcet, portador de deficiência visual, ainda há muita resistência por parte das empresas em contratar pessoas deficientes. “Seria muito mais negócio para o Estado gerar novos empregos para esses deficientes do que sustentá-los com pensões, por exemplo. Existe o lado humano sim, mas economicamente é melhor tornar o deficiente um indivíduo produtivo”, completa Bernard.
Outro aluno do curso, Ricardo Gonzalez, também afirma que a grande maioria dos deficientes está isolada socialmente, sem previsão de oportunidade de emprego e até de lazer. “ A universidade está cumprindo o seu papel social e um projeto avançado como este contribui como ferramenta de acesso à informática”.
Os alunos podem utilizar todos os recursos da instituição, incluindo redes de alta velocidade e laboratório com o software adaptativo -MOTRIX, instalado para os deficientes motores, e DOSVOX, para os deficientes visuais- além do material didático. O curso oferecido é de Redes de Computadores do Cisco Networking Academy Program. Estão previstos ainda Cursos de Formação de Programadores, Formação de Webmasters e Formação de Webdesigners.
Desde 1993, o NCE tem se preocupado em desenvolver programas de computação e realizar uma integração com o processo habilitacional. Essas ações têm surtido efeitos extraordinários, como o Dosvox que vem sendo utilizado por mais de seis mil pessoas em todo Brasil.
O criador dos programas Dosvox e Motrix, prof. José Antônio Borges, afirmou que a preocupação é romper os entraves à inclusão dos deficientes no mercado e viabilizar maior interação entre o centro de qualificação profissional (como o próprio NCE) e as empresas, indústrias, comércio em geral que possam acolher estes profissionais.
O projeto, também coordenado pelo professor Sérgio Guedes, está apenas começando e pretende ampliar o número de parcerias dispostas a contribuirem com bolsas e estágios para os alunos concluintes do curso. Hoje, o NCE conta com o patrocínio da Cisco Systems Brasil, da Funlar e da Rio Ônibus. No Projeto Habilitar, o NCE criou uma metodologia básica de ensino profissional que poderá ser aplicada em larga escala pelo Brasil.
“É claro que um projeto como o Habilitar envolve uma dificuldade muito grande, porque não estamos apenas lidando com tecnologia, mas com seres humanos, com sociedade, com política. Isso tudo misturado com uma dose certa para que a gente possa ter sucesso. Acho que estamos encontrando o caminho certo e, posso dizer, que até o momento, temos um sucesso considerável”, afirma Antônio Borges.