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I Encontro de Comunicação Comunitária

Nos dias 19 e 20 de setembro, aconteceu o I Encontro de Comunicação Comunitária no Campus da Praia Vermelha. O evento reuniu estudantes e professores da UFRJ, além de representantes da Comunidade da Maré, que se localiza próxima ao campus da Ilha do Fundão. Participaram da mesa de debates os professores da Escola de Comunicação (ECO), Muniz Sodré e Raquel Paiva, e o diretor do CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), Jaílson de Souza.

agencia771T.jpgNos dias 19 e 20 de setembro, aconteceu o I Encontro de Comunicação Comunitária no Campus da Praia Vermelha. O evento reuniu estudantes e professores da UFRJ, além de representantes da Comunidade da Maré, que se localiza próxima ao campus da Ilha do Fundão. Participaram da mesa de debates os professores da Escola de Comunicação (ECO), Muniz Sodré e Raquel Paiva, e o diretor do CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), Jaílson de Souza.
Uma das propostas desse encontro é unir os diversos projetos que atuam na construção de uma nova ordem no campo da comunicação como: TVs de rua, Rádios Comunitárias, Jornais Comunitários, sites voltados para o terceiro setor (organizações sem fins lucrativos), entre outros. Com base nesses projetos políticos e sociais, seriam criados veículos de comunicação comunitária que pudessem ser reconhecidos, já que não se encontram representados na mídia tradicional.
Essa iniciativa ampliará os projetos de extensão que o reitor, prof. Aloísio Teixeira, vem defendendo desde o início de sua gestão. Entre os projetos que reforçam esse compromisso social da universidade, está o desenvolvido pela ECO. Através dele é incentivada a formação de repórteres e jornais comunitários, como o jornal O Comum, que é uma parceria entre a Universidade e a FARC (Federação de Rádiodifusão Comunitária do Estado).
Segundo seu editorial, O Comum se preocupa em viabilizar a construção de um modelo comunicativo de oposição às grandes empresas de mídia, buscando não só resgatar o valor informativo e emancipador da comunicação mas também valorizar a identidade cultural local.
Além disso, a professora Raquel Paiva, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Comunicação Comunitária da ECO, apresentou uma proposta que deve unir todos os cursos de comunicação do Rio de Janeiro. Trata-se da criação do Observatório de Mídia das Favelas. A idéia é fazer uma análise sistemática de toda produção realizada na mídia, sejam telejornais, novelas e propagandas, a fim de integrar as comunidades populares a essa mídia, trazendo significativas mudanças, como a defesa de opiniões e políticas diversas dentro da programação.
O diretor do CEASM, prof. Jaílson de Souza, que morou no Complexo da Maré, critica a maneira como são realizadas as reportagens nas chamadas “comunidades carentes”. “É preciso mudar o estilo de cobertura jornalística sobre as favelas que só são retratadas como focos de tráficos de drogas”. Segundo a grande imprensa, aqueles jovens que “venceram na vida”, como ele, conseguiram escapar do mundo da criminalidade, induzindo a conclusão que os moradores de favelas, com raríssimas exceções, tendem ao caminho da bandidagem.
Essa é uma visão preconceituosa que deve ser banida do senso-comum. Deve-se reconhecer o cidadão da favela como qualquer outro, já que só 1% dessa população faz parte do crime organizado. “Não desmerecendo a vida da menina de classe média, atingida por uma bala perdida no metrô, que teve uma repercussão extraordinária em todos os veículos de comunicação; o que não entendo é por que não interessa a essa mesma mídia divulgar os tantos jovens, estudantes ou trabalhadores, moradores dessas comunidades, que são assassinados sem explicação? Por que a vida de um pobre é tão desprezada, se todos têm consciência que somos iguais?”, indagou, emocionado, o professor.
No dia seguinte, na Casa de Cultura da Maré, foi criado um fórum estratégico para a construção de uma nova ordem de comunicação, debatida pelos participantes do I Encontro.