A ditadura militar no Brasil (1964-1985) é ainda um período nebuloso e marcado pelo desconhecimento sobre o que aconteceu e quem foram suas vítimas. Como forma de mostrar grupos invisibilizados no horror que foi esse período, a série Incontáveis foi produzida pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ e sua estreia será em novembro. Sob a direção-geral do antropólogo José Sérgio Leite Lopes, a obra conta com seis episódios e trata da violência da ditadura contra as mulheres, a população LGBTQIA+, a população negra e moradora de favelas, os povos indígenas, os educadores e os trabalhadores do campo e da cidade.
Utilizando imagens de arquivo e documentos inéditos localizados nos arquivos da repressão e na documentação das Comissões da Verdade, Incontáveis põe em evidência o papel dos sujeitos coletivos no debate público quando o assunto é o regime ditatorial iniciado com o golpe de 1964. O intuito da série é apresentar novos ângulos sobre as violações aos direitos humanos que marcaram aquele período e oferecer subsídios para enfrentar argumentos como o de que a ditadura foi branda e o número de mortos e desaparecidos foi pouco representativo. A série aborda a diversidade de corpos e trajetórias atingidos pela violência de Estado e busca recuperar parte dessas incontáveis histórias.
Para além do conteúdo, a série aposta em uma linguagem mais próxima do universo digital do que dos documentários tradicionais. Considerando que foi no espaço virtual que as vozes do negacionismo se multiplicaram, a proposta é fazer o enfrentamento nesse mesmo campo de batalha, mas sem perder de vista a produção de conhecimento estabelecida sobre o tema. Os vídeos são curtos (duram de 10 a 15 minutos), com uma linguagem que combina o rigor das pesquisas de ponta feitas na Universidade com a versatilidade do mundo do audiovisual.
Cada episódio é narrado por uma pessoa que testemunhou diretamente os impactos daquele período de exceção e violência. Lúcia Murat, cineasta, narra o capítulo sobre as mulheres; Dulce Pandolfi, historiadora e professora universitária, o episódio sobre a educação; Hércules Quintanilha, ativista e intérprete, é a voz do vídeo sobre a população LGBTQIA+; Dom Filó, produtor e apresentador, faz a narração do capítulo relacionado à população negra e moradora de favelas; Douglas Krenak, liderança indígena, do episódio sobre os povos originários e Jardel Leal, economista e sindicalista, conta sua história no capítulo sobre os trabalhadores do campo e da cidade.
As datas da estreia de cada episódio, que ocorrem sempre no YouTube do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, são as seguintes:
9/11 – Educação
16/11 – Trabalhadores
7/12 – Racismo e moradores de favelas
14/12 – População LGBTQIA+
11/1 – Mulheres
25/1 – Povos indígenas