A Rede Corona-ômica RJ identificou, entre maio e junho de 2021, uma nova variante do Sars-CoV-2 em circulação no estado do Rio de Janeiro. A equipe conta com pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular (LVM) da UFRJ, Laboratório Central Noel Nutels (Lacen/RJ), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e das secretarias de Saúde do estado e do município. O estudo encontrou, também, outras quatro cepas do vírus, com destaque para a P.1, que mantém a predominância no território.
A P.5 originou-se da linhagem B.1.1.28, detectada em uma amostra no município de Porto Real, região sul do estado, e possui dez mutações, algumas delas na região da proteína S, que também foram vistas em outras variantes consideradas de interesse ou preocupação. Pesquisadores da rede já notificaram 25 casos da P.5 no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Nas 370 amostras colhidas, entre os dias 28/4 e 6/6, em 82 municípios do estado do Rio, foram encontradas cinco variantes em circulação. A P.1, nomeada de Gama pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda é a predominante entre os genomas analisados, com 94,59% do total. A pesquisa descobriu ainda que a variante originada da Gama, a P.1.2, vem crescendo e já representa 3,78% do conjunto, enquanto a B.1.1.7, denominada Alpha pela OMS, aparece em 1,08% dos casos.
Em menor proporção foram identificadas a P.1.1,com 0,27%, e a P.5, com o mesmo valor. Outra descoberta importante foi a ausência da linhagem P.2, também conhecida por Zeta, encontrada nas análises anteriores e que vinha tendo crescimento relevante.
A linhagem Gama encontra-se espalhada por todo o estado, com grande dominância em todas as regiões. A variante P.1.2 circula principalmente na região norte, mas a Baixada Litorânea, a região metropolitana e o Centro também tiveram ocorrências. A variante Alpha, por sua vez, apareceu na Baixada Litorânea e nas regiões norte e noroeste. A P.5 foi encontrada somente na região sul.
Segundo nota técnica publicada no site da rede, o surgimento de nova variante, a prevalência da Gama e a dispersão das outras linhagens reforçam a importância da vigilância genômica no estado para basear políticas de prevenção contra a COVID-19.
“A adoção de novas medidas restritivas pelo estado e municípios deve considerar a distribuição espaço-temporal das linhagens e a presença de mutações associadas ao escape do sistema imune”, ressalta o estudo.