O Complexo de Formação de Professores (CFP) da UFRJ lançou, na última quinta-feira, 26/3, uma nota que reitera a necessidade do isolamento social nesse momento.
“Manifestamos enorme preocupação com os discursos negacionistas que ameaçam a vida de milhões de pessoas”, afirma trecho do documento assinado pelo Comitê Permanente do CFP, que assinala, ainda, que estamos em um momento de reflexão, de colocar em primeiro lugar a vida e de reconhecer a importância da ciência e valorizar a saúde e a educação públicas.
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Nota do Complexo de Formação de Professores da UFRJ
Como professores e educadores comprometidos com a cidadania, a vida e a democracia, acompanhamos atentamente as medidas de contenção da COVID-19 no país e manifestamos enorme preocupação com os discursos negacionistas que ameaçam a vida de milhões de pessoas. Nesse sentido, cumpre às universidades, às escolas de educação básica e às unidades públicas voltadas à educação, ciência e cultura a responsabilidade de posicionarem-se pelo compromisso com a sociedade como um todo e, em especial, com aqueles com quem interagem e educam. Nosso posicionamento ampara-se na ciência, nas recomendações da OMS e nas orientações do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.
A suspensão das aulas e das atividades presenciais foi uma decisão acertada e deve ser mantida, especialmente no momento de crescimento exponencial de casos de contaminação por coronavírus. Nenhum trabalhador ou estudante deve pôr sua saúde em risco ou circular em espaços públicos, colocando, assim, a saúde de outras pessoas em risco: a transmissão do vírus a partir da interação interpessoal é um fato científico irrefutável.
Desse modo, durante o período em que a comunidade científica julgar necessário, todas as atividades presenciais do Complexo de Formação de Professores estão suspensas e aquelas consideradas essenciais para a consolidação dessa política institucional, como reuniões do Comitê Permanente e das diferentes comissões ou grupos de trabalho, ocorrerão de forma remota.
O planejamento das atividades futuras do CFP irá observar que:
– a suspensão das aulas, tanto no ensino superior como na educação básica, afeta todos os estágios e as atividades de extensão realizadas nas escolas. Por isso, no retorno às atividades presenciais, com o fim do período de isolamento para contenção da pandemia, os ajustes de calendário deverão ser analisados de forma ampla, democrática e integrada entre o ensino superior e a rede pública de ensino básico, considerando os diferentes segmentos, para que não haja descompasso nas atividades de formação inicial e continuada de professores;
– a posição da UFRJ de não reconhecer as atividades de EAD como substitutas fortuitas às aulas presenciais regulares corrobora o fato de que o calendário futuro seguirá abrangendo o conjunto das licenciaturas e deverá estar em harmonia com o calendário das redes de educação básica. É preciso ressaltar as desigualdades entre as diferentes escolas e, ainda, entre os estudantes, no que se refere às possibilidades de acesso a conteúdo remoto. Por outro lado, é preciso criar estratégias para que, em todos os níveis, os responsáveis recebam orientações sobre estímulo e cuidados pedagógicos.
Não é um momento de “saídas rápidas” e “pragmáticas”. É um momento de reflexão. De colocar em primeiro lugar a vida. Reconhecer a importância da ciência e valorizar a saúde e a educação públicas, assim como a relevância do conceito de saúde que abarca as condições de vida e de trabalho dos cidadãos!