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Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate

CCBB Rio exibe uma centena de peças salvas do incêndio do Museu Nacional em 2018

CCBB Rio exibe uma centena de peças salvas do incêndio do Museu Nacional em 2018 É a primeira apresentação pública de tantos itens do resgate

Em 27/2, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro inaugurou a exposição com 103 peças resgatadas do incêndio que destruiu o prédio principal do Museu Nacional – UFRJ, na zona Norte da cidade, em setembro do ano passado: Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate.

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, avalia que o pessimismo inicial dá hoje lugar à confiança de que muito será recuperado.

“O que poderia ter sobrevivido às gigantescas e intensas labaredas que destruíram grande parte do palácio? Graças a um trabalho intenso e heroico de servidores da instituição é que hoje podemos ver parte do material resgatado e, felizmente, ainda há muito mais por vir. Essa exposição é uma demonstração clara de que o Museu Nacional vive, celebra Kellner.

Com a curadoria da Comissão de Resgate do MN, o Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate ocupa duas salas do segundo andar do centro cultural, com cerca de 180 itens, dos quais 103 são peças resgatadas das cinzas, inteiras ou danificadas. As demais são as preservadas, que estavam fora da área do incêndio ou emprestadas. O conjunto contempla todas as áreas de pesquisa da instituição: Antropologia, Botânica, Entomologia, Geologia e Paleontologia, Invertebrados e Vertebrados.

A exposição resulta de um trabalho coletivo de profissionais dos diversos departamentos do Museu. No processo curatorial, identificou-se um novo campo que se abria no presente: a arqueologia do resgate.

“Apresentar para o público parte do trabalho de resgate do acervo do Museu Nacional é algo muito especial não só para o CCBB, mas também para todas as instituições culturais do Brasil e do mundo e para a população de uma forma geral, que viu e sofreu com o incêndio que destruiu uma história de 200 anos. Com essa exposição, celebramos o reinício do Museu. Poder fazer parte deste momento marcante é motivo de muito orgulho para nós, diz Marcelo Fernandes, gerente geral do CCBB Rio.   Com interesse e colaboração vigorosa de todos, a mostra pretende dar ao visitante, do curioso ao pesquisador, um panorama da vida do Museu Nacional, como um convite a uma aventura pela imaginação.

Exposição

No térreo do CCBB, estará o Meteorito Santa Luzia, que caiu do espaço em Luziânia, Goiás, em 1922, e homenageia o antigo nome da cidade. Ele pesa cerca de duas toneladas, mede 136cm x 80cm x 40cm e é composto por 95,33% de ferro, mais níquel, cobalto, fósforo, cobre e outros elementos.


O meteorito Santa Luzia

A grande sala do segundo andar apresenta a Arqueologia do Resgate, em que peças recuperadas guiam o percurso associadas a outras preservadas. O público encontrará animais taxidermizados; crânios de rinoceronte, boto, pacamara, peixes, tartarugas, sapos, pouquíssimos insetos (segmento muito afetado pelo incêndio); corais, peças-tipo (primeira vez que foram classificadas) como conchas e crustáceos.

O crânio de um jacaré-açu foi resgatado inteiro dos escombros e é um dos destaques da mostra. Além dele, há outros exemplares resgatados, que caracterizam as coleções de D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina – vasos, ânforas e lamparina romanos e etruscos e peças mochica e chimu (Peru).

Esculturas de Shabti de Haremakhbit de faiança, do Egito Antigo, de 1380 a.C., salvaram-se e estarão em exibição. Shabtis são pequenas estatuetas, colocadas nas tumbas, representando servos cuja função era substituir o morto em seus trabalhos na pós-vida.

Ainda no mesmo espaço, estarão as coleções regionalistas, como as peças em pedra em forma de ave e peixe(zoólitos) de Santa Catarina, cerâmica Marajoara, elementos ligados aos rituais dos orixás como flechas, argolas africanas do século XIX, agogô e búzios do Benin; bonecas Karajá, panelas do Xingu e um conjunto de miniaturas de cerâmica das regiões Norte e Nordeste.

Da biblioteca, que não foi atingida pelo incêndio, a exposição traz a publicação Meteorito de Bendegó, de José Carlos de Carvalho, de 1888.

É o relatório apresentado pela comissão formada por ordem de D. Pedro II para remoção e transferência do meteorito Bendegó para o Museu Nacional. A peça, de cinco toneladas, foi descoberta, em 1784, nas proximidades da cidade de Monte Santo, na Bahia. O texto é bilíngue, em português e francês, com encadernação de luxo e símbolo do Império na capa. O exemplar está disponível na biblioteca digital do Museu Nacional.

Do herbário, um dos cinco mais importantes do mundo, há um conjunto de amostras de plantas prensadas (exsicatas) das coleções de D. João VI, D. Pedro I, Dom Pedro II, da Imperatriz Teresa Cristina, da Princesa Isabel e de grandes expedições estrangeiras ao Brasil, como a missão francesa.

Com a diversidade de itens resgatados e preservados, equacionados em expografia acolhedora, o público terá a sensação de visitar uma versão do Museu Nacional e experimentar o prazer do convívio com as raridades que a instituição preserva para todos, leigos e iniciados.


Denise Nascimento

Projeto Museu Nacional Vive

O projeto Museu Nacional Vive é uma realidade. Até o final de março, a empresa contratada para as obras emergenciais do Museu Nacional concluirá as obras de estabilização, instalará uma cobertura provisória no prédio e entregará um laudo das patologias derivadas do incêndio. 

As obras já realizadas permitiram que a imprensa pudesse ver de perto, no dia 12/2, como estão as estruturas do Palácio após o incêndio, assim como acompanhar o esforço e a dedicação dos pesquisadores que integram a equipe de resgate. Também nesse dia a UFRJ lançou edital para a licitação de projetos executivos que são necessários para a contratação de obras de recuperação do telhado e estruturas de sustentação e da fachada do prédio, tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).

A licitação, contratação e início dos investimentos estão previstos para o segundo semestre de 2019 e serão financiados, em grande parte, pelos recursos da emenda impositiva que a bancada do Rio de Janeiro (deputados federais e senadores) alocou para o Museu Nacional, no valor de R$ 55 milhões. 

Para promover planejamento e gestão eficientes e transparentes do projeto Museu Nacional Vive, o Ministério da Educação (MEC) alocou R$ 5 milhões que serão executados pela Unesco, órgão das Nações Unidas para educação e cultura. O apoio do MEC, inicialmente por meio dos recursos emergenciais e agora em seus desdobramentos, revela-se de importância estratégica para a recuperação desse patrimônio único e valioso do país. 

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por  meio  da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com R$ 10 milhões, e da Capes, com R$ 2,5 milhões, e o Ministério da Economia, por  meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – com recursos da ordem de R$ 20 milhões – também estão apoiando a reconstrução da capacidade de pesquisa do Museu Nacional.

“Foi uma noite vigorosa. Significa muito, que tivemos a capacidade de, pós-tragédia, nos reerguermos enquanto unidade acadêmica, embora o Museu ainda esteja num processo de construção”, disse a reitora em exercício da UFRJ, Denise Nascimento, na sessão do Conselho Universitário desta quinta-feira, 28/2. Ela informou que há dois dias representantes da Universidade se reuniram com a Secretaria Executiva do MEC, pela segunda vez, para tratar do projeto Museu Nacional Vive.

SERVIÇO Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate Período: 27/2/2019 a 29/4/2019 Dias e horários: de quarta a segunda, das 9h às 21h Classificação indicativa: livre Local: CCBB Rio de Janeiro (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro) Tel.: (21)3808-2020  |E-mail: ccbbrio@bb.com.br

Entrada franca

Informações sobre acessibilidade, estacionamento e outros serviços aqui

fotos: Diogo Vasconcellos – Coordcom/UFRJ