Pela primeira vez, a UFRJ foi sede de um encontro de delegados da Associação de Universidades Grupo Montevidéu. Nos dias 13 e 14/3, a Universidade recebeu representantes da entidade, criada em 1991, que reúne 32 instituições públicas, autônomas e autogovernadas de seis países sul-americanos: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai.
A reunião foi de caráter operacional e discutiu procedimentos internos da associação. Nos dois dias de evento, os delegados estudaram formas de aprimorar o trabalho que vem sendo feito. A dupla diplomação para estudantes das universidades-membro é uma das ações em curso.
Além de estimular a integração e a cooperação acadêmica entre universidades da região, a rede tem como objetivo a defesa da autonomia universitária e da educação superior pública e de qualidade.
O reitor da UFRJ, Roberto Leher, abriu as atividades afirmando que é uma alegria para a Universidade receber o evento. Com uma fala otimista, mas crítica, ele classificou o encontro como estratégico para a educação pública não só do Brasil, mas de toda a região. “Temos mudanças políticas, econômicas e, no próprio sistema político, de enorme alcance, e isso tudo vai convergir para uma nova configuração de forças na conferência regional de educação”, lembrou.
A conferência, que será no ano que vem, contará com a presença de sujeitos interessados na “mercantilização da educação”, apontou Leher. Para ele, é fundamental que, ao longo do encontro, sejam construídas pautas e uma agenda acadêmico-política consistentes, visando a enfrentar o cenário de ameaça à autonomia universitária que se anuncia.
Ana Maria Castro, da Universidad de la Republica, do Uruguai, destacou a atuação solidária das instituições. Ela explica que as ações levam em conta tanto interesses gerais da AUGM como demandas e projetos específicos de cada universidade. “O ponto fundamental é fortalecer a região e a integração regional e aproveitar ao máximo suas capacidades, sem depender de outros”, aponta.
“A AUGM tem um desenho que não é apenas o de cooperação e intercâmbio de estudantes e docentes. Além disso, ela se coloca e tem autonomia para se colocar como associação que luta pela autonomia universitária e pelo ensino gratuito e de qualidade”, reforçou Vitor Amaral, delegado assessor representante da UFRJ.
Desde 2014, a UFRJ integra a AUGM. Participaram da reunião 39 delegados e representantes das universidades, incluindo os secretários executivos da associação, que presidiram os trabalhos.
Foto: Diogo Vasconcellos (CoordCOM/UFRJ)
Escolha do Parque
Um dos organizadores do evento, Amaral explicou a escolha do Parque Tecnológico como local para o encontro. “A escolha do Parque é estratégica, não só por uma questão logística, mas também porque hoje o tema da inovação em todos os seus aspectos – (tecnológico e social), é muito forte dentro da AUGM e dentro de projetos latino-americanos”, justificou.
O diretor do Parque Tecnológico, José Carlos Pinto, apresentou o complexo aos delegados, destacando a parceria entre as empresas instaladas no local e os grupos de pesquisa da UFRJ. Atualmente, o Parque abriga 54 instituições, entre elas 13 multinacionais e 26 startups.
O secretário executivo da associação, Álvaro Maglia, elogiou a realização da reunião no Parque. O uruguaio, que presidiu as sessões de trabalho, classificou o local como “fundamental para a vinculação entre produção, desenvolvimento e conhecimento acadêmico”.
Para Maglia, promover o encontro na Cidade Universitária é importante para apresentar à comunidade da UFRJ “o valor da AUGM no contexto da educação superior do continente”, concluiu.