Mudança no perfil dos ingressantes traz desafios às instituições. Após o Sisu, UFRJ passou a receber mais alunos de baixa renda e de fora do Rio.

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Pró-reitora de graduação analisa dados sobre o ensino brasileiro

Mudança no perfil dos ingressantes traz desafios às instituições. Após o Sisu, UFRJ passou a receber mais alunos de baixa renda e de fora do Rio.

Por Paulo Calmon

Durante reunião da Plenária de Decanos e Diretores, no dia 24 de novembro, a pró-reitora de graduação, Ângela Rocha, apresentou dados sobre a educação superior no Brasil. A professora mostrou informações e desafios a serem superados pelas instituições de Ensino Superior aos dirigentes da UFRJ, que se reuniram no auditório do Bloco N do Centro de Ciências da Saúde (CCS), sendo recepcionados pelo Instituto de Microbiologia.

  

Com as mudanças no acesso à graduação, a educação superior deixou de ser privilégio de alguns para ser direito legítimo de todos. Com essa constatação, Ângela Rocha começou a apresentar dados sobre o Ensino Superior no país e a mudança de perfil dos ingressantes. No Brasil, 16% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam o Ensino Superior. No entanto, a participação do ensino público nessa porcentagem é pequena, o que seria prejudicial à formação intelectual do país devido ao ensino deficiente e às distorções na distribuição de matrículas por áreas de conhecimento presentes no ensino privado.

Seleção unificada e Lei de Cotas mudaram perfil da graduação na UFRJ

A partir da Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, e da adoção do sistema de seleção unificada como concurso de acesso, as universidades passaram por mudanças no perfil dos alunos a quem elas atendem.  Na UFRJ, apenas 2% dos deles eram de fora do estado do Rio de Janeiro em 2010. Dos 98% restantes, 85% eram da capital ou da região metropolitana.

Em 2014, 23% de seus alunos são de fora do estado, sendo que 18% são cotistas por renda. A média de idade também mudou. Hoje, 17% dos estudantes têm mais de 24 anos e 14% estão na faixa entre 30 e 40 anos.

Cursos de licenciatura devem ser valorizados, segundo professores

De acordo com a pró-reitora, os desafios do Ensino Superior começam ainda na educação básica. Atualmente, 50% dos jovens entre 15 e 17 anos estão no Ensino Médio. Desses, apenas um em cada três se forma. Dos alunos que estão no terceiro ano do Ensino Médio, apenas 6% apresentam nível adequado em português.

A pró-reitora apontou a falta de incentivo aos profissionais da educação e de recursos estruturais e tecnológicos como a principal causa desse problema educacional. O salário médio de um professor de ensino básico no Brasil é de U$ 10 mil ao ano, superando apenas a Indonésia.

“Que formação devemos oferecer”?  Dadas as condições do sistema de educação, Ângela defende uma formação sólida e interdisciplinar, com currículos flexíveis que possibilitem a liberdade de escolha.

“Nosso cursos de licenciatura devem ser tratados com o maior carinho. Eles que são os retroalimentadores desse sistema”, afirmou Ângela Rocha. Carlos Levi, reitor da UFRJ, comentou sobre a importância da inovação tecnológica no ambiente acadêmico. “É importante incorporarmos o mais rápido possível a questão das tecnologias de informação. A necessidade e a urgência do uso dessas tecnologias se fazem cada vez mais presentes”, disse.

  

Em 2008, com a assinatura do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), as vagas oferecidas pela UFRJ aumentaram vertiginosamente. Hoje, a universidade possui cerca de 49 mil alunos presenciais e 7.300 no Ensino à Distância.

Durante os comentários no final da apresentação da pró-reitora, a diretora da Faculdade de Educação, Ana Maria Monteiro, opinou que os cursos de licenciatura não têm sua importância devidamente reconhecida. A diretora defende uma mudança cultural na universidade, onde a graduação já sofreria desprestígio:. “Eu ainda ouço relato de aluno dizendo que ouve que só medíocre quer ser professor”, contou.

O vice-reitor da UFRJ, Antônio Ledo, defendeu que a instituição não deve perpetuar desigualdades. Apontando a mudança do perfil dos estudantes que estão na universidade atualmente, questionou: “Como vamos formar um aluno que é diferente hoje se estivermos presos aos nossos antigos modelos?”. Nelson Souza e Silva, professor emérito da Faculdade de Medicina, afirmou que não há incentivo para ser professor, sobretudo de graduação. “Cabe à universidade trabalhar junto ao MEC”, reforçou.

A próxima  plenária será na Escola de Música, na Lapa.