A relação do público brasileiro e ibero-americano com a telenovela foi discutida no seminário internacional “Estudos de televisão: diálogos Brasil-Portugal”, na última quarta-feira (19/10), na Casa da Ciência da UFRJ. Maria Immacolata Vassalo, da Universidade de São Paulo (USP), apresentou análise sobre a relação da geração das mídias digitais com a dramaturgia na televisão. Já a professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Veneza Ronsini, durante três anos pesquisou as percepções de 48 jovens de diversas classes sociais diante da realidade da novela das oito.
“Hoje a pessoa vê a novela e tuita ao mesmo tempo, como antes se falava com alguém na sala de jantar”, afirmou Immacolata. Existem diferentes formas de interação entre público e novela, sendo os recursos transmídia facilitadores dessa dinâmica no que considera ser a “audiência ativa” no estudo do fã. “Tem o moderador do blog sobre a novela, há quem escreve muito sobre ela no Twitter, o que apenas lê o que está sendo escrito e o que fica no meio termo”, completou.
Tendo em vista o modo como a pobreza é vista e estereotipada na dramaturgia, a professora detectou duas leituras diferentes dos 20 jovens de classe média, 20 de classe baixa e oito da classe alta. Em sua pesquisa, Veneza Ronsini concluiu que a classe popular é mais crítica às novelas em relação à pobreza do que as outras. Já a classe A é mais condescendente com a meritocracia, ou seja, o fato de o pobre crescer na vida através de seu esforço.
Para Immacolata, a privacidade surgida por meio do advento da internet e do computador dificulta o acesso ao estudo da recepção no campo da comunicação. Segundo ela, a transmidiação é a base da redefinição do que atualmente constitui a experiência de assistir TV. “Os sites das novelas antes eram só uma sinopse, mas hoje tem loja virtual, comentário dos espectadores etc.”, disse a professora.
O seminário internacional foi promovido pela UFRJ e pela Universidade do Algarve (Portugal), com apoio do Globo Universidade.