A Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) da UFRJ promoveu, na última quarta-feira (06/07), às 18h30, no Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha, o primeiro ciclo de palestras com representantes das quatro principais empresas de consultoria e auditoria mundiais, que atuam no Brasil, conhecidas no mercado como “Big Four” (KPMG, PCW, Ernst & Young e Deloitte Touche Tohmatsu). O intuito do ciclo é informar aos estudantes o que pensam e estão fazendo as quatro maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, assim como saber a maneira como elas se antecipam e respondem às mudanças tributárias nos mercados nacional e global.
Os convidados para a abertura do evento foram Tatiana Martins de Oliveira, gerente sênior de auditoria, e Luiz Wolf Tohmatsu, gerente sênior da área International and M&A Tax Services, ambos da KPMG. Os palestrantes contaram suas experiências no processo de Due Diligence, que consiste no trabalho de auditoria de uma empresa que pode vir a ser comprada por outra. A auditoria é um exame cuidadoso e sistemático de atividades sociais e financeiras de uma determinada empresa, com o intuito de averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas.
Segundo Tatiana Oliveira, todas as companhias abertas, listadas na Bolsa de Valores, têm a obrigatoriedade de serem auditadas, principalmente por serem empresas que administram bens de terceiros. “O auditor visita essas empresas, trabalhando com base em testes. Selecionamos algumas operações mais interessantes, que envolvem uma maior quantia de dinheiro, e nos debruçamos sobre elas, resultando no parecer do auditor”, afirma Tatiana. Para ela, a base técnica de análise do auditor é a legislação em vigor no país. “O auditor deve ter em mente quais as contas da empresa que podem apresentar maiores riscos, na audição de um banco, por exemplo, e focar nelas”, conclui a auditora. No processo, são investigados os cinco últimos anos de uma instituição A gerente confirma ainda que um parecer favorável pode elevar o valor das ações da empresa.
Há auditoria dentro das próprias empresas de auditoria e consultoria, mas segundo Luiz Wolf Tohmatsu, elas não são feitas pelas da “Big Four”, mas sim por outras companhias menores. “Não queremos abrir nossos dados para outras das principais empresas”, diz. Segundo Tatiana, deve-se ter cuidado para fazer perguntas delicadas aos executivos da empresa, mas manter um bom relacionamento com o cliente é fundamental. “Devemos lembrar que somos regidos pela legislação e temos que fazer certas perguntas a eles”, ressalta.
Diante da possibilidade de um auditor receber propina de uma empresa para avaliá-la bem, Tohmatsu ressalta que a ética é fundamental: “O mercado vive de reputação.” Demonstrando a importância da conduta na profissão, Tohmatsu deu o exemplo da empresa Arthur Andersen, que compunha o quadro das principais empresas de auditoria do mundo, no “Big Five”. No entanto, a empresa foi derrubada, porque auditores assinaram um balanço alterado para favorecer determinada companhia nos Estados Unidos. Segundo ele, até os salários dos funcionários da KPMG são depositados no banco Safra, de porte médio, para que não se corra o risco de a empresa ter de auditar uma instituição financeira com grande porte, onde tem contas abertas.
Está programado um encontro por mês com cada uma das empresas que compõem o “Big Four”. Para mais informações, acesse o site da FACC http://www.facc.ufrj.br/, mande e-mail para cissa@facc.ufrj.br ou telefone para 3873-5004. O campus da Praia Vermelha da UFRJ fica na Avenida Pasteur, número 250, Urca.