“Absorver conhecimento talvez seja a chave para a cooperação”. Esta é a opinião do professor do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, David Kupfer, sobre o panorama da inovação e cooperação entre empresas no cenário nacional. Na última terça-feira (31/05), o pesquisador apresentou o estudo Innovation and Cooperation: Evidences from the Brazilian Innovation Survey, no qual é co-autor, junto com Ana Paula Avellar, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal Uberlândia (UFU).
O trabalho reúne dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) de 2005 e busca identificar as características gerais de como a cooperação atua no Brasil. Foram analisados como elementos motivadores desse movimento: tamanho e setor em que a empresa atua, regime de apropriabilidade (propriedade do conhecimento que permite que uma invenção seja protegida contra a imitação) e os tipos de parceiros.
Segundo Kupfer, o conceito ideal para caracterizar uma empresa como verdadeiramente inovadora envolve dois pontos cruciais. “É necessário que haja produção de inovação para o mercado, enquanto investe-se em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D)”, explicou. Para ele, existe uma tendência de a cooperação ser mais intensa nos ambientes em que haja uma valorização do setor de inovação. “A propensão a cooperar é maior quando tem alguém que pensa em P&D na empresa”, afirmou.
Na visão do professor, o processo de geração de novos conhecimentos no território nacional ainda está num nível inferior ao do ritmo global. “As atividades de cooperação aqui ainda não chegaram ao estágio de salto empresarial”, disse. De acordo com sua análise, o Brasil tem poucos representantes do setor de inovação em P&D e gera relações de cooperação tecnológica numa escala reduzida. A pesquisa indicou os setores industriais que mais reúnem empresas com foco em inovação cooperativa. As áreas farmacêutica, química e de transportes foram os destaques.
Além disso, o estudo revelou que empresas maiores cooperam mais do que empresas de porte pequeno ou médio. Possuir um novo produto e/ou processo no mercado também aumenta a probabilidade de cooperação, assim como ter empregados ligados constantemente a P&D. Segundo o professor, o acesso ao financiamento público é outra forma de elevar as condições de inovação. “O que vai levar as empresas a uma maior cooperação é a melhoria da capacitação tecnológica e profissional”, concluiu.