O Seminário Contando Infrações, realizado nos dias 9 e 10 de dezembro, no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no campus da UFRJ na Praia Vermelha, recebeu especialistas que analisaram dados sobre adolescentes infratores. Foram debatidas questões como a integração de sistemas, a importância da troca de experiências, a linguagem para o tratamento do menor e a transformação dos dados em políticas públicas eficazes. O evento foi organizado pelo Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (Necvu), vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.
No dia 10, o seminário reuniu professores e pesquisadores do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais para a troca experiências. Diversos aspectos em comum foram encontrados, como a preocupação na utilização de uma linguagem acessível com os adolescentes acusados de cometer infrações. De acordo com Eliana Pereira, promotora da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, “ao receber o adolescente, há a preocupação em mostrar o que está acontecendo para a punição surtir efeito. Por isso, explicamos onde ele está, por que está ali e por que será punido”.
Outro assunto abordado foi a necessidade de integração de sistemas. Os palestrantes destacaram que ainda não há uma integração eficiente, mas um grande esforço está sendo feito para tal. De acordo com os especialistas, uma troca de dados mais ampla facilitaria o estudo e o conhecimento acerca da situação dos adolescentes infratores, impediria que estes declarassem nome, endereço e idade falsos e permitiria a criação de políticas sociais públicas mais eficazes.
Joana Vargas, professora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (Nepp-DH) e coordenadora do evento, fez um balanço final e se disse satisfeita com os resultados encontrados. “Considero o seminário um sucesso porque as discussões foram intensas. Pesquisadores apresentaram suas vivências, as dificuldades de se articular os dados e, quando são resolvidas, o surgimento de novos problemas. Falamos também, além dos dados, sobre a questão social”. Por fim, Joana destacou como um ponto importante debatido a questão do diálogo entre a Academia e os operadores. “Devemos pensar em termos de rede, de horizontalização, onde todos poderiam participar”, concluiu.