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Encontro promove a aproximação dos brasileiros com a cultura russa

 Na última terça-feira (9/11), aconteceu o evento Brasil – Rússia: Pontes Culturais, promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC) e pelo curso de Relações Internacionais da UFRJ. O encontro faz parte do projeto Oriente Ocidente, que tem como objetivo aproximar o público das culturas orientais. Na parte da tarde, o encontro contou com um debate sobre a mídia e com uma apresentação de balé clássico.

A mesa-redonda “Mídia – uma ponte cultural” teve como coordenador o professor Sebastião Amoedo, da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, e como convidados os repórteres de agências noticiosas russas Igor Varlamov, da agência Itar-tass e Alexander Krasnov, da agência RIA Novosti. Os convidados debateram a questão do crescimento recente da Internet, analisando até que ponto as informações disponibilizadas por usuários em redes sociais competem com o trabalho das agências.

Segundo Krasnov, essa concorrência é sentida pelos repórteres, que perderam a exclusividade do “furo” jornalístico. No entanto, ele disse que “muitas vezes as informações encontradas na rede não são corretas ou objetivas, além de apresentarem erros de tradução”. A respeito do Twitter, rede social com caráter funcional, Varlamov afirmou que “não é concorrência, é ajuda. Funciona como uma boa fonte de apuração e ajuda na preparação do conteúdo profissional”.

Os participantes falaram ainda sobre estereótipos arraigados no imaginário coletivo que são ainda hoje muito fortes, e que nem com todas as tecnologias existentes é possível acabar com eles. Neste sentido, os especialistas destacaram o jornalismo cultural como ferramenta importante e capaz de aproximar os povos. Varlamov destacou tanto o jornalista quanto o leitor de matérias culturais como detentores de horizonte cultural amplo. “Não basta informar, é preciso educar, explicando o contexto e o valor cultural”, afirmou.

A segunda mesa da tarde contou com a presença dos professores da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, Paulo Melgaço e Beth Oliosi, que apresentaram um pouco da história da mais antiga escola de dança do país. Ao palestrantes falaram ainda dos  nomes que contribuíram para sua construção, como Anna Pavlova, Julie Sedowa e Dalal Achcar. Segundo Delgaço, à época da Segunda Guerra Mundial, muitos artistas russos vieram ao Brasil para construir uma nova vida, trazendo sua dança e sua cultura. “Defendo a idéia de que houve aqui mais que uma ponte, mas uma hibridização cultural entre Brasil e Rússia”, disse ele. Beth afirmou haver uma similaridade entre os dois povos. “Ambos apresentam forte sonoridade corporal e trazem na alma o gosto pela dança”, analisou.

Na platéia, estavam presentes duas ex-alunas que construíram carreiras sólidas como bailarinas e atuaram no Teatro Municipal, Tamara Capeller e Eleonora Oliosi. Em 1964 Eleonora foi a primeira bailarina brasileira a participar de um Concurso Internacional, e voltou da Bulgária trazendo o prêmio de Menção Honrosa. Ao final do debate, aconteceu no Salão Dourado uma apresentação de balé clássico dos alunos da Escola.