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Escritora que mostra o que está debaixo do tapete ministra palestra na ECO-UFRJ

O Laboratório de Comunicação e Literatura da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ recebeu, nesta sexta-feira (18/06), a escritora Ana Paula Maia, autora do blog Killing Travis e de livros como “O habitante das falhas subterrâneas” (2003) e “A Guerra dos bastardos” (2007).

Ana Paula conta que começou a escrever, por diversão, durante a faculdade. Cursou Comunicação Social (com habilitação em Publicidade) e se interessava por Filosofia. “Eu lia toda a bibliografia das disciplinas, passei a ser uma aluna aplicada durante a graduação”, conta a escritora. Durante as férias do curso de Publicidade, Ana Paula escreveu um texto, que chamou de “roteiro com cara de livro”. Sua obra acabou caindo nas graças dos alunos de Cinema, que a transformaram em roteiro para um curta-metragem nunca concluído.

Depois de produzir seu primeiro romance, “O habitante das falhas subterrâneas”, o enviou para algumas editoras e recebeu o convite para adaptá-lo para o teatro. A reação? “Não gostei da experiência. Não tenho interesse em ter uma relação contínua com o teatro”, afirma.

Em 2006, concluiu sua obra “Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos” e publicou uma versão reduzida na Internet. A autora não procurou editoras neste momento, segundo ela, “porque outra obra deveria preparar o estômago dos leitores”. O livro “Guerra de Bastardos” veio para cumprir essa função, em 2007. No mesmo ano, foi procurada por uma editora para publicar “Entre rinhas”.

A temática preferida de Ana Paula é a parte do cotidiano que as pessoas não costumam ver. “Escrevo sobre coisas que me causam impacto”, determina a autora, e complementa: “Mostro o que está embaixo do tapete”. Apesar de acreditar que “a literatura é algo político”, a escritora não tem a pretensão de fazer denúncias em suas histórias. “Não pretendo mudar nada, até porque funciona da forma que está”, afirma.

Apesar da estética violenta de suas histórias, a escritora ressalta o caráter fraternal de seus personagens. “Eles podem morrer uns pelos outros. Têm um amor fraternal, coisa cada vez mais difícil de se encontrar na literatura recente”. De acordo com Ana Paula, esta característica de seus personagens não costuma ser vista pela crítica literária. “A crítica me incomoda quando vê somente a camada superficial do livro”, conclui.