O Centro de Produção Teatral da Escola de Belas Artes da UFRJ (CPT-EBA) apresentou a peça “A Serpente”, último texto escrito pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, no último dia 14 de maio. O CPT nasceu em 2007, depois que o diretor Antonio Guedes se surpreendeu com a recepção e o interesse dos alunos ao abrir uma oficina de teatro na unidade. “Foi surpreendente, porque muitos alunos de diversos cursos, como Química, por exemplo, participaram”, conta.
Apesar do sucesso inicial, o projeto se perdeu por falta de organização. Um ano mais tarde, quando veio a ideia de encenar “Quando as máquinas param”, de Plínio Marcos, a atriz Jackie Netzach se uniu ao grupo como produtora. A montagem estreou no final de 2008, inaugurando o grupo. No começo, as dificuldades físicas e financeiras eram grandes. A peça contava com um núcleo de atores reduzido e uma produção tímida. “A gente começou com apenas dois atores e sem espaço físico. Com o apoio financeiro que posteriormente recebemos do Banco do Brasil, a equipamos com blackout e ar condicionado para ensaios e apresentações”, recorda Jackie.
Depois da experiência com Plínio Marcos, e seguindo a lógica de Antônio Guedes, de “um certo realismo com tendência contemporânea”, surgiu a ideia de encenar “A Serpente”. Apesar de já ter feito uma versão bem sucedida da obra em 1997, o diretor resolveu montar novamente a tragédia, como um desafio. “Eu queria fazer o mesmo texto, mas uma peça totalmente diferente. Só preservei a trilha sonora”, conta.
Para a montagem, o grupo conseguiu o já citado patrocínio do Banco do Brasil, que ajudou a montar a sala do CPT, hoje um centro equipado na própria EBA-UFRJ. “A sala agora tem os equipamentos necessários para a produção de uma peça”, explica. O projeto já beneficiou alunos, que participaram ativamente da produção e da montagem. “Tudo foi feito pelos alunos, desde a cenografia até o figurino, passando pelo som e, claro, o elenco. Cada grupo fez a sua parte”, explica Guedes.
O elenco ainda conta com os atores Rosa Felix, Jordana Shelly, Guto Urbieta e Dudu Fadel. Segundo Guedes, uma das maiores dificuldades da montagem foi a escolha de atores. “O projeto é da UFRJ, acontece dentro da universidade e, por isso, tínhamos que escolher atores daqui. Mas como não existe um curso especifico nesta área, foi muito difícil encontrar bons profissionais”, relata. “Mas o resultado foi mais do que positivo”, completa.
“A Serpente” foi selecionada para o Festival de Blumenau em Julho e se apresenta na próxima quinta-feira, 27/05, na Semana de Artes Samira Mesquita no Hall dos elevadores, na EBA-UFRJ.