Neurologista analisa problemas nas sessões de cinema e orienta usuários
Em 2009, o filme Avatar, de James Cameron, revolucionou a indústria do cinema com suas imagens de alta definição em três dimensões, mas os filmes em 3D já completam quase 100 anos de vida. Claro, a evolução foi grande: dos óculos de papel e celofane até as armações de acetato com lentes preparadas especialmente para uso nas salas. Essas novas ferramentas, fontes de bactérias e microrganismo, podem emitir fortes estimulações sensoriais, o que vem causando preocupação e discussões da classe médica.
A neurologista Isabela D’Andrea Meira, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/RJ), alerta aos cinéfilos a respeito de alguns problemas que possam surgir com a prática dessa diversão.
Geralmente, as imagens dos filmes ditos 3D, apresentam muitas luzes fortes nas cenas e, além disso, a todo momento a sensação de movimento é aguçada com a utilização dos óculos. Segundo a neurologista, essa sensação pode provocar sérios problemas, como por exemplo, a epilepsia. “A epilepsia é um conjunto de patologias que têm em comum a hiperexcitabilidade do córtex cerebral levando a crises epilépticas, sendo necessário para seu diagnóstico que o paciente tenha tido pelo menos duas crises.”
Segundo Isabel, alguns pacientes apresentam fotossensibilidade, que é uma sensibilidade anormal ao estímulo luminoso observada no eletroencefalograma. “As pessoas são mais sensíveis a frequências determinadas ou a comprimentos de ondas, por isso se no filme houver certos estímulos luminosos específicos alguns pacientes podem desenvolver crises.”
Há também o registro de crises de dor de cabeça, náuseas e labirintite já notadas em algumas sessões cinematográficas.
Como o cérebro capta as imagens em 3D
A neurologista explica que o cérebro humano correlaciona as imagens provenientes de cada um dos olhos, que são ligeiramente diferentes, para calcular a distância. “A tela, na verdade, exibe duas imagens. Os óculos fazem com que uma das imagens alcance cada um dos olhos e a outra, o outro olho”.
Isabel, que é especialista em epilepsia, continua sua exposição dizendo que há dois sistemas usados para fazer isso: o vermelho/verde ou vermelho/azul e a polarização. “No sistema vermelho/verde temos duas imagens exibidas na tela: uma em vermelho e outra em azul ou verde.Os filtros nas lentes permitem que apenas uma imagem atinja cada um dos olhos, e o seu cérebro faz o resto. O sistema polarizado usa lentes polarizadas que permitem a visualização de cores. Dois projetores sincronizados colocam duas visões respectivas na tela, cada uma com uma polarização diferente. Os óculos permitem que apenas uma das imagens seja vista em cada olho, porque elas contêm lentes com diferentes polarizações”, afirma a médica.
A higiene dos óculos
A especialista ainda alerta sobre a falta de higienização dos óculos especiais. “Eles podem ser disseminadores de bactérias e vírus causando, por exemplo, conjuntivite”. A recomendação da especialista é que as pessoas, ao receberem os óculos com lentes coloridas na porta do cinema, devem limpá-los com álcool em gel e evitar passar de rosto em rosto e de mão em mão.
“A cada sessão, os óculos em 3D podem estar disseminando agentes viróticos e bacterianos causadores de algumas doenças”, afirma Isabel.