A discussão sobre plágio na comunidade acadêmica vem ganhando cada vez mais espaço em artigos e periódicos científicos. Para esclarecer melhor o que é essa prática, suas causas e principais soluções, a Coppe/UFRJ promoveu nessa terça-feira (7/12) uma mesa-redonda para debater o tema, reunindo o professor Michel Jean-Marie Thiollent, do Programa de Engenharia de Produção, Sonia Maria Ramos Vasconcelos, do Programa de Engenharia Química, e a professora Marisa Palácios da Cunha e Melo de Almeida Rego, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ. O evento aconteceu no auditório da Coppe, no bloco G do Centro de Tecnologia da UFRJ.
“O problema do plágio ainda não está claro na cabeça das pessoas. Muita gente ainda tem ideias muito diferentes em relação ao assunto, não sabe o que pode ou o que não pode. Promovemos esse debate porque é importante que a discussão exista e que fique clara para todos”, ressaltou Walter Watanabe, diretor acadêmico da Coppe, durante a abertura da mesa.
Na década de 80, o crescente número de casos que envolviam má conduta ética no universo acadêmico levantou a questão do que poderia ser considerado plágio. “O conceito tem uma natureza anglofônica; porém, se insere em uma comunidade científica multicultural. As definições estão muito arraigadas à originalidade, propriedade e autoria. Entretanto, dependendo da comunidade em que um pesquisador está inserido, esses termos podem adquirir contornos muito diferentes, o que gera confusão”, explicou Sônia. “Nos Estados Unidos, há uma valorização muito grande dessas três questões, enquanto em países asiáticos, por exemplo, a percepção é diferente. Por isso, os pesquisadores dessas culturas devem se adaptar aos novos contextos que surgem”.
Além dos diferentes contornos culturais, a falta de ética e a busca por maior produtividade são as outras principais causas para a prática do plágio. “Em muitos casos, existe um conflito de interesse. Mesmo que o pesquisador queira realizar uma produção adequada, há o desejo de conseguir mais publicações e maior investimento para a pesquisa. Assim, acaba fraudando alguns resultados para alcançar esses outros objetivos”, explicou a professora Marisa.
Já Michel Jean-Marie Thiollent aponta a internet como uma das principais razões para o crescente aumento dessa prática. “Hoje em dia, com a internet, existe um comércio facilitado de venda de teses, que no final das contas não passam de compilações de vários trabalhos acadêmicos”, destacou. Mas ainda assim o professor enxerga na rede uma poderosa ferramenta de combate ao plágio. “Através de mecanismos como o Google, semelhanças entre documentos podem ser facilmente descobertas”, ressalta.
Sendo o plágio uma prática de má conduta extremamente danosa para a produtividade científica, é necessário que tenha um combate efetivo. Para isso, a criação de comitês de ética é a principal sugestão. “Esse sistema já é utilizado na área da saúde, e funciona apoiando os pesquisadores de acordo com os princípios éticos mais definidos. A criação de políticas de proibição de plágio é um bom caminho para ser seguido, e que colocará em pauta esse tema que ainda precisa ser muito discutido”, apontou Marisa.