Criada na França por médicos e jornalistas após a comoção da Guerra Civil Nigeriana, ou Guerra de Biafra, a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) ajuda populações carentes ou afligidas por conflitos – sejam eles de origem étnica, religiosa ou econômica – ao redor do planeta. Para relatar como é o trabalho de comunicação na ONG, a jornalista Juliana Braga esteve nessa segunda-feira (16/11) na Escola de Comunicação da UFRJ.
Segundo ela, na década de 1970, em decorrência da cobertura jornalística massificada da Guerra do Vietnã, a mídia internacional ajudou a dar maior direcionamento e atenção às perdas humanas, o que acabou por implicar maior responsabilidade para as autoridades competentes. A MSF surge, em 1971, nesse contexto, quando médicos e jornalistas se uniram para ajudar e também revelar os problemas dos civis em zonas de conflito.
O trabalho da ONG segue duas vertentes gerais: a Assistência Médica, que inclui campanhas de vacinação, desenvolvimento de remédios, distribuição de medicamentos, cirurgias, assistência médica dentro de instalações preexistentes, dentre outras ações, e o Testemunho, que compreende o ato de se pronunciar de forma pública ou privada sobre a situação das populações em situações perigosas. É através desse tipo de informação que dados podem ser divulgados, o diálogo direto com autoridades públicas ganha mais consistência e a denúncia pode ser feita.
Apesar de possuir mais de cinco sedes e 14 escritórios espalhados pelo mundo, e de ter recebido um Prêmio Nobel da Paz, em 1999, o grupo Médicos Sem Fronteiras tem de lidar diariamente com a censura e mesmo com a dificuldade de entrar em alguns países cujo regime é mais fechado. Além disso, os profissionais também precisam saber lidar com as variações culturais, para não errar ao tentar adotar um padrão sem efetividade em determinados países.