Categorias
Memória

A importância da internet para a eleição de Obama

Dentro da Jornada de Iniciação Científica, Artística e Cultural promovida pela UFRJ, o aluno de Jornalismo Maurício Meireles apresentou, nesta terça-feira (6/10), o trabalho “Eleição e internet: a influência da comunicação distribuída no processo eleitoral democrático”. Em apresentação realizada na Escola de Comunicação (ECO), ele destacou o caso do atual presidente norte-americano Barack Obama, eleito recentemente, em 2008, com grande apoio dos internautas e usuários das novas mídias digitais.

Segundo o estudante, a campanha desenvolvida na internet de forma espontânea por alguns eleitores contagiou grande parte da população, principalmente os jovens, que são maioria na rede virtual, o que contribuiu significativamente para a vitória histórica do primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Maurício defendeu a ideia de que, por se sentirem mais conectados aos projetos eleitorais de Obama através da web, houve um suporte maciço vindo dos usuários desse meio.

A afirmação feita foi comprovada através de alguns números estatísticos: dois milhões de americanos criaram perfis em sites de relacionamento para incentivar o candidato democrata, a grande maioria utilizando o slogan “Yes, we can”; 55% da população adulta em idade de votar usaram a internet para se engajar nas eleições, sendo 74% dessas pessoas eleitores de Obama; e mais de 7 milhões de ligações, feitas por apoiadores do presidente, foram registradas para eleitores indecisos às vésperas da eleição, no projeto “Call for change”.

O engajamento via internet serviu ainda, de acordo com o trabalho apresentado, para comprovar que o fracasso da campanha democrata às eleições presidenciais de 2004, com o candidato Howard Dean, não se deveu à arrecadação de fundos online. Na ocasião, a iniciativa foi massacrada pela grande mídia e o importante estado de Iowa acabou não votando a favor de Dean, o que foi decisivo para o resultado final.

De acordo com Maurício Meireles, a utilização da web como ferramenta para campanha política não foi uma ação inovadora, mas consolidou com êxito uma estratégia que já havia sido desenvolvida anteriormente.

No caso de Obama, o que se configurou foi uma oposição à campanhas massificadas pelas mídias tradicionais. A propaganda democrata serviu como contrapeso à forte presença republicana nos rádios e, com a grande adesão dos internautas, o papel da rede virtual se equiparou ao dos jornais, tendo percentuais semelhantes de influência sobre a opinião pública. Na visão de Maurício, a vitória de Obama, ademais dos fatores contextuais que a marcaram como um dos principais acontecimentos históricos das últimas décadas, serviu também para pôr fim ao descrédito quanto à capacidade da internet em mudar os rumos de uma eleição.