A Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ promoveu, nesta quinta-feira (24/9), o seminário “40 Anos de Stonewall: Desafio e Perspectivas Contemporâneas do Movimento LGBT”. O evento, sediado no auditório da escola, rememorou o aniversário do movimento de resistência homossexual, que lutava por direitos civis iguais e buscava pôr fim à repressão exercida pela sociedade.
No dia 28 de junho de 1969, o grupo de travestis, lésbicas e gays presentes no bar Stonewall Inn, em Nova York, cansado de sofrer com a discriminação, decidiu resistir à violência policial, que corriqueiramente invadia o local para fazer chantagem e cobrar propinas dos freqüentadores. O conflito, que resistiu à repressão policial durante cinco dias, ganhou proporções gigantescas e ficou marcado no mundo inteiro como o início de um protesto que até hoje exige mais respeito pelo comportamento homossexual.
De lá pra cá, muita coisa mudou, mas mesmo assim ainda há um longo caminho para ser percorrido pelo Movimento LGBT. “Naquela época, uma simples reunião de homossexuais era proibida nos EUA. Dois homens jamais poderiam dançar juntos e todos eles eram obrigados a vestir, no mínimo, três peças de roupa, o que impedia a livre expressão das drag queens”, afirmou Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor de História Moderna e Contemporânea da UFRJ.
Ainda de acordo com o pesquisador, o clima geral de revolta e contestação, fortemente presente no governo Nixon daquele período, serviu de impulso para o começo do Stonewall. “Havia um sentimento geral de crítica aos conceitos de vida impostos pelo American Way of Life. Os movimentos pacifistas, a favor dos negros, das mulheres e contra a guerra no Vietnã ajudaram o de Stonewall a se familiarizar com a idéia de que identidades alternativas precisavam ser criadas”, explicou.
Para o professor Guilherme Almeida, do curso de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), porém, a possibilidade de novas identidades, até hoje, não é bem aceita pelas pessoas, que muitas vezes preferem esconder seus verdadeiros desejos. “O que as pessoas dizem e fazem em público em relação à sexualidade pode diferir muito e até contradizer seus comportamentos sexuais privados”, concluiu. Esse, certamente, não era o objetivo dos homossexuais que lutaram pela causa gay em Stonewall.