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Jornalismo internacional, de Paris a Washington

Nesta última quinta-feira (17/9), no fechamento do terceiro Meio a Meios (Semana de Jornalismo da UFRJ) houve o debate sobre Jornalismo Internacional. A mesa estava repleta de nomes conhecidos da área, trouxe um pouco do olhar desses profissionais e distribuiu dicas de como se preparar para o ingresso nesse filão da comunicação.

As primeiras palavras foram de Newton Carlos, responsável por uma coluna de política internacional na Folha de S. Paulo por 25 anos. Foi feito um panorama da evolução do jornalismo internacional, que teria começado com as agências de notícias — à época, único meio de receber informações de outros países — todas com surgimento atrelado a uma linha de conformidade com seus próprios governos, na maioria, colonialistas. “No início a atenção só era dada às potências”, disse. Em sequência teriam surgido os correspondentes internacionais, porém ainda havia reserva para países mais desenvolvidos, “na época, eu me lembro, o sonho dos correspondentes era Paris, e não Washington como hoje”, comentou.

Ainda sobrou espaço para o diploma em sua exposição, quando contou que não havia escolas de jornalismo na época em que começara, e destacou a importância dessas escolas de ensino superior para a formação do profissional. Terminou a palestra levando a platéia ao riso, ao dizer: “Quando eu entrei para o jornalismo, não sabia nem a capital de Sergipe”.

“As redações são muito jovens, falta memória a elas”

Ao comentar casos recentes, Claudia Antunes, repórter especial da Folha, criticou a onda de contratação de jovens para as redações, que cada vez têm menos gente capaz de lembrar os fatos e a atmosfera de alguns momentos históricos relevantes para novas reportagens.

Ao enumerar algumas mudanças, ela disse ter caído a dependência em relação às agências de notícias e apontou que “nunca se teve tantos recursos para fazer um jornalismo internacional de qualidade”. Segundo ela, porém, a preocupação com a concorrência “prende” um pouco as editorias brasileiras, que ainda não conseguiram se adaptar à nova relação do impresso com o online. “O impresso precisa se focar em três ou quatro matérias exclusivas, com mais profundidade, e deixar o massivo para o online”, comentou.

“A principal ferramenta do jornalista é o telefone”

Após ter vindo direto de Quito, onde atuara como enviado especial, Samy Leal Adghirn, repórter da Folha, trouxe um argumento que muitos pensavam estar ultrapassado com a internet. Ao dizer que a “principal ferramenta do jornalista é o telefone”, ele enfatizou a importância de se conversar com especialistas nos assuntos a serem tratados e do quanto é importante a pesquisa e a leitura de muito do que sai na imprensa internacional.

Em alusão ao trabalho do correspondente internacional, fez uma partição: as coberturas diplomáticas e as reportagens. Em relação à primeira, alegou que são “muito mais difíceis, porque seguem rituais que, se você não conhece, te deixam perdido”, quando se fica quase um dia inteiro na sala de imprensa esperando para que as reuniões, que são fechadas, terminem e, depois, tentar pegar informações de algum assessor ou ministro. “O que faz a diferença é ter fontes internas”, disse e em seguida alertou, “uma postura mais passiva, não vai conseguir nada”.

“Estudem línguas e aproveitem a internet”

O último a falar, Nelson Franco Jobim, editor internacional da TV Brasil, deu dicas sobre como se preparar para o trabalho na área internacional do jornalismo, acentuando a importância de estudar línguas, principalmente o chinês, e de se envolver com a internet. Ao trazer o argumento de Cláudia, sobre a juventude nas redações, incentivou os estudantes a pesquisar muito sobre história, pois “faz muita diferença”, em suas palavras. A dica para os interessados é que se inscrevam em programas de trainee das agências de notícias internacionais, além de se candidatarem a bolsas do conselho britânico (http://www.britishcouncil.org/ar/brasil.htm), as exigências são a aprovação na língua inglesa e a aceitação das instituições, apenas.

O debate ocorreu no dia 17/9, às 9h, no salão Pedro Calmon, do campus da Praia Vermelha, da UFRJ — avenida Pasteur, 250. Os interessados em mais informações podem entrar em contato pelo telefone (21) 3873-5089 ou pelo e-mail: contato@meioameios.com, além do site http://meioameios.blogspot.com/2009/07/programacao.html.