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Encontro internacional discute saúde mental em países lusófonos

Por ocasião do Seminário Internacional “A questão da saúde mental da comunidade de países da língua portuguesa”, a sessão de estudos do Instituto de Psiquiatria da UFRJ realizou na sexta, dia 3, um debate sobre a realidade da psiquiatria nesses países. Antônio Pacheco Palha, pesquisador e professor da Universidade do Porto, apresentou estudos e expôs experiências adquiridas em Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Portugal e Brasil.

“O objetivo é estabelecer uma aliança entre as sociedades psiquiátricas brasileira, portuguesa e africana de modo a oferecer apoio aos países que precisam”, explicou o professor.

A sessão contou ainda com a participação de representantes de Moçambique, Timor Leste e Guiné-Bissau, que mostraram como a situação dos profissionais encontra-se fragilizada. Lídia Gouveia, responsável pela área de Saúde Mental em Moçambique, afirmou que há apenas quatro médicos psiquiátricos em todo o país. “Diante dessa realidade, a solução que encontramos foi formar técnicos em psiquiatria, ou seja, enfermeiros que receberiam um curso de treinamento por três anos. Esse tipo de profissional existe em poucos países, mas é o recurso que temos para que a ajuda médica chegue a todos os distritos”, disse Lídia.

A representante ressaltou ainda que outro problema enfrentado pelos profissionais diz respeito à resistência cultural. A maior parte da população local acredita que as doenças mentais estão associadas a fatores religiosos e, por isso, preferem recorrer aos curandeiros. A proposta governamental foi manter um contato com esses médicos tradicionais, a partir da Associação de Medicina Tradicional (Ametran).

Os representantes do Timor Leste e da Guiné-Bissau frisaram a importância de nações mais desenvolvidas na área, como Brasil e Portugal, oferecerem ajuda a esses países, destruídos após décadas de guerras civis. “Só poderemos mudar a situação quando houver uma consciência sobre a necessidade de apoio mútuo entre os países lusófonos. Há uma ligação cultural muito forte que não deve ser negada”, salientou Carlos Pinto, representante do Timor Leste.

O Seminário Internacional “A questão da saúde mental da comunidade de países da língua portuguesa” acontece nos dias 3, a partir das 20h, e  4 de julho, das 9h às 16h. O evento ocorre no Instituto de Psiquiatria da UFRJ, localizado na Avenida Venceslau Brás, 71, no campus da Praia Vermelha.