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Editor do Globo discute jornalismo esportivo

“O jornalismo esportivo trabalha com a emoção do momento e há, ao mesmo tempo, muito mais liberdade.” Pensando nessa questão, Antônio Nascimento, editor de esportes do jornal O Globo, conversou na terça, dia 12, com os alunos da disciplina “Jornalismo Especializado (em esportes)”, da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ.

Toninho Nascimento, como é conhecido, iniciou sua carreira em O Globo em 1986. Foi redator de esportes e editor de internacional (1990 a 1992) no período da primeira Guerra do Golfo e do fim da URSS. Desde 1996, atua como editor do caderno de esportes. Na palestra, ele evidencia a sua preferência pela área esportiva: “Você trabalha com a paixão das pessoas e suas reportagens não podem ser mal-humoradas. Você nem consegue fazer isso quando realmente gosta.”

Segundo ele, a parte esportiva do jornal é a que mais atrai as pessoas em razão do interesse individual pelo tema. “Por esse motivo, pode até haver certo senso crítico, mas o jornalista não pode influenciar muito nas matérias. Senão você é ameaçado, no dia seguinte, por algum leitor e torcedor fanático”, sugere.

Copas do Mundo

Toninho lembra que, em época de Copa do Mundo, por ser um evento que envolve a questão de identidade nacional, todos costumam ler o caderno de esportes. “A ideia é fazer com que o caderno da Copa seja uma espécie de reprodução de todo o jornal, trazendo abordagens e enfoques múltiplos. O objetivo é selecionar jornalistas especializados em diferentes assuntos, todos relacionados ao cenário do campeonato.”

O editor confirma que a cobertura da Copa do Mundo é a mais trabalhosa, uma dimensão quase duas vezes maior se comparada com as Olimpíadas. “Copa do Mundo é um negócio inacreditável. O mundo inteiro está lá e o fato de você ser brasileiro o torna especial. Você – e, em especial, o jornalista – vira uma atração. O Brasil é a atração”, comenta.

Toninho afirma ainda que, na cobertura esportiva, os jornalistas passam sempre por um revezamento para que não haja preferência por um determinado time. No que diz respeito à produção noticiosa, “permitimos certa autonomia e liberdade na escolha das pautas e na execução das matérias”.

No entanto, o editor reconhece que a grande exigência por agilidade na editoria esportiva acaba sendo vista como um problema. “Essa dinamicidade está presente em todo o jornalismo de esportes. Precisamos entregar a matéria logo após o jogo. Essa é a exigência que fazemos e o jornalista precisa executar a matéria na hora.”