A Casa da Ciência da UFRJ expõe até o dia 15 de fevereiro 50 imagens inéditas e 20 fac-símiles que mostram a estrutura e o funcionamento do cérebro. A exposição Paisagens Neuronais traça a trajetória do conhecimento sobre o sistema nervoso do início do século XX até hoje.
Por meio de técnicas de coloração, as “paisagens” ganham efeitos visuais de cor e luz que permitem a relação da ciência com a arte, principalmente com a pintura abstrata de Miró e Picasso.
— Quando olhamos as imagens, pensamos que são artísticas, mas são, na verdade, imagens de conhecimento científico. Então é como se fosse uma brincadeira em que uma imagem desse tipo também pode ser artística — diz Luciane Correia, produtora da Casa da Ciência e responsável pela montagem da exposição, que já passou por Barcelona e Chicago.
Além de informações científicas, as imagens contam com legendas de pintores, escritores, cientistas e intelectuais buscando estabelecer a relação entre arte e ciência, como enfatiza Luciane:
— Se escondemos a legenda científica, pode-se pensar que é uma pintura de um artista plástico, quando na verdade é uma imagem de um cerebelo de um rato de algum instituto que está estudando o assunto.
O laboratório de Jeff Lichtmann, da Universidade de Harvard nos EUA, por exemplo, captou a imagem de um hipocampo com córtex, sobre a qual o escritor Luis Magrinya escreveu: “Miguel R., 45 anos, depois de tomar LSD, sente que toda a Rua Aribau cheira a frango”.
Além da exposição de 50 imagens inéditas, a mostra traz também 20 desenhos de Santiago Ramón y Cajál, Prêmio Nobel de Medicina em 1906 e considerado pai da neurociência moderna. O público poderá conferir ainda três vídeos da Mostra Ver Ciência, tendo o cérebro como tema.
Paisagens Neuronais é uma co-produção do Instituto Cervantes com a Obra Social La Caixa e tem a colaboração da Brain Research Organization e do Conselho Superior de Pesquisa Científica. A exposição reforça a preocupação da Casa da Ciência em oferecer mostras interdisciplinares.
— Como somos um centro cultural de ciência e tecnologia, pretendemos sempre traçar um paralelo entre cultura e conhecimento científico. A ideia é conseguir articular as duas linguagens, a linguagem da arte com a da ciência — explica Luciane.
Programação
A programação inclui oficinas e debates com especialistas e organizadores. Visitas guiadas ocorrem às quartas e sábados, às 15h. Especialmente nos dias 21 e 28 de janeiro e 11 de fevereiro, as visitas guiadas serão seguidas de palestras, a partir das 18h:
21/01 – Silvana Allodi, doutora em Ciências Biológicas pela UFRJ, com a palestra “Olhos: quem tem, como e por quê?” sobre o surgimento, a evolução e a estrutura dos olhos nas espécies.
28/01 – Penha Cristina Barradas, doutora em Ciências Biológicas pela UFRJ, sobre a atuação das fibras nervosas na palestra “Para chegar a tempo: mielina, condução de sinais no sistema nervoso; o que acontece quando ela não funciona?”.
11/02 – Suzana Herculano-Houzel, doutora em Neurociências pela Universidade de Paris, discutirá as implicações da teoria evolucionista de Darwin em relação à espécie humana em "E se formos apenas um grande primata?".
Além dessa programação, no dia 09 de fevereiro haverá também a mesa-redonda “Pensando o cérebro, das imagens às paisagens”, com Benilton Bezerra, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ, Javier Oroquieta, pesquisador do Instituto Cajál, e Suzana Herculano-Houzel, professora do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ. A mediação será feita pelo cônsul geral da Espanha no Rio de Janeiro, Francisco Viqueira.
A Casa da Ciência da UFRJ fica na Rua Lauro Muller, 03, Botafogo. As visitações ocorrem de terça a sexta, das 9h às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h. A entrada é franca.
Para agendar visita de grupos, os interessados devem ligar para (21) 2542-7494 ou encaminhar e-mail para carminha@casadaciencia.ufrj.br.