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Instituto de Economia promove debate sobre crise dos EUA

 Foi realizado na manhã da última sexta-feira (10/10), no Auditório Pedro Calmon, do Fórum de Ciência e Cultura, o 6º encontro do “Ciclo de Debates sobre Grandes Temas da Economia Brasileira”. O evento, promovido pelo Instituto de Economia (IE), teve como tema a crise econômica dos Estados Unidos e suas conseqüências para o resto do Mundo.

– Estamos vivendo um período único, pois muitos de nós nunca presenciamos algo parecido, como a crise de 29. Esse contexto possui obviamente o seu lado negativo, algo já comprovado pelos fatos. Porém, também tem uma certa positividade, pois é uma situação que nos permite aprender e testar os nossos conhecimentos, para que não sejam cometidos os mesmos erros no futuro – afirmou João Sabóia, diretor do IE.

A crise norte-americana teve como uma de suas causas a subestimação dos riscos, fruto do crescimento econômico estável a partir o início da década de 90. Essa prosperidade criou uma imagem de invulnerabilidade e perfeição da política monetária dos EUA e de seu Banco Central, o Federal Reserve. Com esse contexto, várias inovações perigosas começaram a ser implantadas, como a securitização e os derivativos de crédito, que nada mais são do que vendas de riscos para terceiros. Outra medida arriscada foi o alto investimento nos “subprimes”, que são empréstimos concedidos à uma fatia da população com renda mais baixa e situação econômica instável.

– Com a inadimplência dessas pessoas, a dívida foi crescendo paulatinamente, o que criou a crise de liquidez do mercado imobiliário, que por sua vez contaminou o sistema financeiro. O pesadelo agora é que a crise sistêmica contagie toda a Economia -, comentou Fernando Cardim, professor de Economia convidado para palestrar sobre o assunto. Ainda de acordo com suas palavras, as medidas tomadas até agora pelo governo norte-americano, como a reinjeção de liquidez no mercado e a compra dos ativos “podres”, não resolverão o problema.

Apesar da deteriorização de suas perspectivas, Fernando Cardim acredita que o futuro da economia dos EUA ainda não está fadado à desgraça: “Esse tipo de episódio não tem caminho demarcado. As encruzilhadas vão aparecendo e as decisões têm que ser tomadas.”

O outro palestrante era Antônio Licha, que apresentou um discurso semelhante ao de Fernando Cardim, já que também ressaltou a questão da bolha especultativa do mercado imobiliário. Para sustentar seus argumentos, ele, que também é professor do IE, se utilizou de gráficos e números sobre a crise. “A expectativa do FMI é que os bancos percam 1,4 trilhões de dólares este ano. Com isso, o crédito deve ser paralisado para todos”, – afirmou Antônio Licha.

Além disso, ele explicou como funciona a perda patrimonial de acordo a desvalorização de papéis de ações e apontou possíveis soluções para o caos econômico, como a estatização de bancos e fundos de investimento. “Uma opção, que até já está sendo adotada, é a compra de ações da empresa pelo Tesouro. Isso em tese pode impedir a falência de algumas instituições”, disse Antonio Licha.