O V encontro de Literatura Infantil e Juvenil – evento organizado pela Faculdade de Letras, que busca promover a conscientização de profissionais da área de Ciências Humanas acerca da importância da leitura – teve início nesta terça-feira, 8 de julho, no Salão Azul da Reitoria, com a palestra A produção literária para crianças, ministrada pelo escritor Bartolomeu Campos Queirós e coordenada pela professora Cristiane Madanêlo, do Colégio Aplicação (CAp/UFRJ).
Queirós, autor de obras como Por parte de pai e Os cinco sentidos, afirmou não acreditar em livro com destinatário específico, já que qualquer texto literário deve possuir elementos constitutivos de literatura e o texto voltado para o público infantil não pode perder tais elementos em nome de uma “precariedade da infância”. Segundo o autor, todos os elementos que constituem a obra de arte e a literatura – liberdade, inventabilidade, espontaneidade – são aqueles que a criança já possui ao nascer. Não se pode, portanto, distanciar o texto que permite a leitura do adulto do que possibilita a leitura da criança.
Acerca da questão da formação do leitor, Bartolomeu Queirós afirma: “A escola não forma leitor com a leitura extensiva. O leitor deve ser preparado para adivinhar os fantasmas do texto. A formação do leitor, portanto, depende de uma leitura intensiva e que desvende o crepúsculo literário”. Ainda nesse âmbito, o escritor acredita que o verdadeiro fenômeno literário realiza-se com a interpretação do próprio leitor. Para Queirós, a obra de literatura deve instigar as pessoas à reflexão e qualquer livro que não o faça é apenas didático e não literário.
O autor salientou também a dificuldade que os projetos voltados à promoção da literatura enfrentam. Para ele, o panorama da sociedade atual, marcadamente carente de divulgação de obras literárias, dificulta o surgimento do interesse pela Literatura no leitor.
Diante desse fato, Queirós desfere uma crítica às instituições de ensino da atualidade que, segundo ele, são escolas preocupadas “em formar consumidores e, por isso, não há o interesse pelo livro”.
Bartolomeu Campos de Queirós enfatiza ainda que, apesar de a escola não dar conta da formação de leitores, essa função não pertence somente a ela, mas também a toda sociedade: “A criança que não vê o pai e a mãe lerem dificilmente se tornará um leitor”. O grande incentivador desse hábito, segundo Queirós, além do ambiente familiar, é o professor-leitor e seu incentivo ao estudante.
Queirós finaliza a palestra ressaltando que acredita ainda na necessidade da escola e na constituição de uma educação para a arte que, de acordo com ele, seria “uma educação para paz”.
O V Encontro de Literatura Infantil e Juvenil continuará com sua programação de palestras, mesas-redondas e conferências nos dias 9 e 10 de julho, no auditório G1 da faculdade de Letras, reunindo diversos pesquisadores, ilustradores e escritores.