No dia 14 de junho, a Clínica de Dor e Cuidados Paliativos Oncológicos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) promove o Simpósio de Dor com o tema “Opióides na prática clínica: desmistificando o uso”. Será um sábado inteiro de palestras e debates sobre o tema. Estudantes, residentes e profissionais de diversas áreas dentro da saúde constituem o público alvo do evento.
O doutor Ricardo Joaquim da Cunha Junior, clínico e anestesista que faz parte da equipe da Clínica de Dor, afirma que o simpósio busca trazer o tema dos opióides diretamente para o dia-a-dia do médico. “Vamos mostrar como fazer, como introduzir o opióide no tratamento, qual é o momento certo e quando se deve suspender o uso. E, também, como e quando não usar o opióide e quando interromper seu uso. Será algo bem prático”, explica.
Os opióides são medicamentos destinados para o tratamento de dores crônicas que produzem ações de insensibilização a dor. Ricardo ressalta a importância de oferecer informação sobre seu uso “O opióide é uma classe de medicação importante na área de dor e é uma classe que até hoje ainda sofre preconceito. Há certa dificuldade de os profissionais de modo geral fazerem uso desse tipo de medicamento em seus pacientes”, explica. O médico afirma que esse comportamento vem da falta de informação sobre o tema: “Existe má informação, muita representação em cima do que o opióide poderia causar. Nós queremos, com o simpósio, tentar racionalizar e simplificar o uso desse fármaco pelos profissionais de saúde no dia-a-dia”.
Além disso, o médico deve saber o momento certo de usá-los no tratamento. “O opióide não é a primeira escolha pra tratar dor. Mas, é uma escolha”, considera Ricardo Cunha, que reafirma a importância da informação sobre esses medicamentos para profissionais de várias áreas. “A dor está presente dentro das várias especialidades médicas. Então, é importante que elas tenham domínio sobre os opióides”, afirma o anestesiologista.
O público esperado é bem eclético, segundo Ricardo Cunha. “Nós abordaremos temas que são importantes para tanto para o clínico geral, o reumatologista e o ortopedista quanto para o anestesiologista, o pediatra, o geriatra e o enfermeiro”, afirma. O anestesiologista ressalta que o público de estudantes e residentes é muito bem-vindo. “Quanto mais cedo esse profissional tenha informação sobre o tema, mais fácil ele vai lidar com ela no seu dia-a-dia”, explica o médico.
A Clínica de Dor e Cuidados Paliativos Oncológicos foi inaugurada em 1983, pelo doutor Peter Spiegel, um dos responsáveis por trazer a morfina oral para o Brasil. A Clínica trata não só pacientes com câncer, mas também com outros tipos de doença. “Nós damos suporte clínico, não só para a dor, mas para toda uma gama de sintomas que esses pacientes possam a vir a apresentar. São os cuidados paliativos, ou seja, medidas de suporte clínico que visam a melhoria da qualidade de vida desses pacientes”, esclarece Ricardo Cunha.
A clínica conta com uma equipe de médicos clínicos, anestesiologistas, fisioterapeuta, assistente social, psiquiatra e psicóloga. “Estamos atentos ao perfil do paciente, ao que se pode melhorar na reabilitação dele, no ganho de qualidade, seja de atividade física, social, emocional ou de lazer”, ressalta o médico. Os pacientes vêm encaminhados por diversas especialidades do hospital.
Ricardo explica que eles continuam sendo acompanhados pela clínica de origem concomitante ao acompanhamento da Clínica de Dor. “O nosso acompanhamento tende a ser um período mais restrito dentro de um programa. Nós fazemos uma avaliação e um acompanhamento clínico, fisioterápico e psicológico. Existem algumas etapas que são realizadas na Clínica, seja com medicação ou não. Depois esse paciente tem um retorno a esse especialista, com uma nova orientação a ser conduzida”, salienta o médico, que afirma que as dores mais comuns na clínica são as causadas por artrites, as de coluna e as neuropáticas, além das dores do câncer.
Desde o ano passado, a Faculdade de Medicina oferece uma disciplina eletiva chamada Dor e cuidados paliativos oncológicos. “Foi uma conquista. O nosso projeto é torná-la multidisciplinar, aceitando não só médicos, mas outros estudantes da área de saúde”. Ricardo também afirma que a prática é muito importante. “É no convívio com pessoas que fazem esse trabalho dentro de área de dor que se consegue aprender e entender a aplicabilidade da teoria e juntar mais bagagem teórica para conseguir fazer algo cada vez melhor. Essa associação entre teoria e pratica é fundamental”, explica.
As inscrições para o Simpósio de Dor “Opióides na prática clínica: desmistificando o uso” podem ser feitas no site www.hucff.ufrj.br. O evento acontece no dia 14 de junho de 8h30 às 16 horas. São 140 vagas.