Para quem perdeu a exposição do Grupo Para Raio que terminaria no dia 16, mais uma chance. As obras se encontram em exibição, até o próximo dia 21, no mesmo local, no hall de entrada do auditório do Roxinho, localizado no Centro de Ciências Humanas e da Natureza (CCMN/UFRJ). A mostra acolhe trabalhos em pintura acrílica, óleo em tela, gravuras e esculturas.
Em conversa descontraída com os membros do grupo, alunos da Escola de Belas Artes (EBA), explicaram a origem do nome Para Raio, falaram sobre os gêneros artísticos produzidos por cada integrante e opinaram sobre a atual situação artística do país.
O conjunto é designado Para Raio, pela capacidade de atração do instrumento. Seus integrantes: Daniel Jorge, Diego Marinho, Gabriel Jorge, Luiz Thadeu, Mércio Ricardo e Thiago Pereira seriam os raios sendo atraídos para um mesmo foco, a arte.
Segundo Mércio Ricardo, o grupo surgiu através de uma iniciativa de amigos que se uniram para tentar suprir incentivos não fornecidos pela universidade. “Há um espaço destinado aos alunos para que esses possam expor seus trabalhos, o EBA7. No entanto, trata-se de um espaço pequeno e escondido, no qual a produção artística não tem repercussão. Além disso, ainda há forte burocracia para conseguir ocupar esse lugar, como é o único que o curso oferece, a procura dos alunos é enorme. Já expomos lá em abril deste ano, só que estávamos inscritos desde o ano passado, ficamos um bom tempo na fila de espera”, argumentou.
Diego Marinho complementou ao dizer que o Para Raio nasceu da dificuldade de se lançar só. Cada um dos membros realiza um tipo artístico distinto, assim como suas concepções do que é arte, também são. Segundo ele, o que os reúne é o foco na imagem, independente dos meios. Afirmou que uma das propostas do grupo é ampliar o campo de atuação. “Queremos diversificar nossos trabalhos, atualmente trabalhamos com artes plásticas, mas visamos desempenhar projetos como vídeos, peças, recitais, entre outros”, disse.
Eles criticaram a atual situação artística e argumentaram que faz sucesso, o sujeito que tem seu trabalho divulgado por um crítico de renome. Segundo eles, o que se vende atualmente é o conceito, não o trabalho, o que seria picaretagem.
Para Luiz Thadeu, “cria-se um termo para representar a obra e, no entanto, essa partiu de uma idéia, que é o que deveria ser valorizado. O que vale é a criação, independente de qual for, não o conceito atribuído a ela” afirmou. Segundo ele, quando um artista produz a obra, não está pensando em sua repercussão conceitual, simplesmente a está instituindo. O conceito é atribuído posteriormente, por uma outra pessoa que não participou do processo criativo, e que, portanto, atribui a mesma um valor falso.
-A arte não se limita a conceitos – enfatizou Daniel Jorge.
Estilo artístico
Mércio Ricardo busca, em suas obras, a reflexão de um povo excluído e um espaço para os que não tem voz. Reproduz uma temática social ligada ao cotidiano. Uma de suas obras em exibição chama-se Polícia e Ladrão, a impressão que temos é que se trata de marginais com armados, no entanto, é uma ‘simples’ brincadeira de criança correspondente ao seu nome. Trata-se de uma representação, a pintura, de uma representação, brincadeira infantil, de uma realidade, a violência.
Luiz Thadeu busca cor, expressão e emoção através das cores. O que ocorre em seu quadro Jurujuba. Já Thiago Pereira afirma que pinta até ficar bonito, sendo esse seu desejo de arte.
Para Daniel Jorge, a arte deve ser compreendida por pessoas comuns. Essa pode proporcionar prazer ou desprazer. Em seus trabalhos busca o colorido e a criação espontânea, o que depois finaliza utilizando-se de meios como o acrílico e o pastel.
Já Diego Marinho e Gabriel Jorge preferem realizar seus projetos em preto-e-branco. Com a diferença que o primeiro se volta para charges, quadrinhos e desenhos oníricos, repletos de imaginação e fantasia, e o outro, para gravuras e fotografias, incluindo arte digital.