“O palco é o mundo do artista. Bem-vindos ao meu mundo”. Foi assim, um pouco tímido, de início, esbanjando simpatia, talento e muito amor à música que Jorge Vercillo entrou no palco do Auditório Roxinho, no Centro Cultural Professor Horácio Macedo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – localizado na Ilha da Cidade Universitária.
Se dependesse da animação de todos os alunos, funcionários, professores e fãs que compareceram ao evento, ocorrido na tarde desta segunda-feira (17), Vercillo jamais sairia do Roxinho, que ficou lotado. Além das pessoas nas poltronas, havia espectadores sentados no chão e em pé, tudo para não perder a apresentação do músico, de entrada gratuita, como de costume nos eventos do Centro Cultural.
Jorge Vercillo começou o show com “Tudo que eu tenho”, canção que exalta sua paixão pela música. Logo em seguida, fez uma bela interpretação de “Luiza”, uma composição do mestre Tom Jobim. Era apenas o começo de uma exibição de grandes sucessos, que durou mais de duas horas, para a alegria de todos.
– Este show é o primeiro do Rio de Janeiro. Estamos fazendo questão de ir a lugares pequenos, fora dos grandes eixos, para testarmos esse show, então vocês estão sendo muito importantes neste momento da minha vida. Muito obrigado a todos – declarou Jorge aos presentes.
A arte de criar novas idéias
Embalados pela música “Leve”, os membros do fã-clube Elo, que prestigiavam Jorge Vercillo no show, fizeram uma coreografia especial: em uma demonstração de carinho pelo ídolo, eles enquadravam o cantor em uma moldura imaginária feita com as mãos quando cantavam, junto com ele, os versos: “vira quadro ou vira arte/Salvador Dali não ousou imaginar-te”.
Vercillo falou sobre a importância da criatividade, sobretudo no meio universitário. “A faculdade é lugar de idéias novas e isso é muito importante. Não é porque sou um criador, mas nós todos somos criadores das nossas idéias e com elas vamos construir um mundo novo. Isto é muito sério, parece ‘bla bla bla’, papo de enrolador ou então aquela coisa de auto-ajuda – detesto este rótulo -, mas nada melhor do que uma auto-ajuda. Quando nos auto-ajudamos, podemos ajudar o outro. E a gente tem muito para criar um mundo novo”, declarou o cantor.
Ele ressaltou que tudo de bom ocorrido no Brasil na década de 60, 70, 80, foi fomentado pela classe universitária e defendeu que os alunos, além de estudar, devem estar sempre criando suas próprias realidades.
Momentos de destaque
Um dos pontos altos do show foi “Fênix”, cuja entrega de Vercillo em sua interpretação emocionou a todos. Ele largou o violão e se dedicou a cada nota da canção que fala, sobretudo, de amor. Não houve uma pessoa que deixasse de aplaudir o artista de forma entusiasmada.
Em “Camafeu guerreiro”, a comoção deu lugar à descontração. O palco virou uma roda de capoeira musical, onde Vercillo lançou o desafio : “quero ver quem vai vir aqui cantar”. Os músicos que o acompanhavam toparam. Trocaram o contrabaixo, a bateria, os teclados e a guitarra pelo berimbau e pandeiro, entoando, em ritmo de capoeira, canções diversas, que incluíram “Eu só quero um xodó”, “Todo menino é um rei”, “Peixinhos do mar” e “Epitáfio”.
Vercillo cantou outros sucessos, como “Homem Aranha”, onde o coro do público se fez forte, além de “Encontro das águas” e “O tempo não pára”, de Cazuza. Nesta última, a platéia não resistiu e levantou de seus lugares para se entregar de vez ao show. Os mais ousados chegaram para mais perto do palco, a fim de ficarem mais próximos do cantor nos momentos finais do evento. Foi uma grande festa.
A música “Todos nós somos um”, que dá título ao novo álbum que será lançado oficialmente no Canecão, dia 26 de abril, veio para finalizar o show, seguida do sucesso “Monaliza”, que consagrou o cantor. No entanto, Vercillo e sua banda não resistiram ao pedido de mais um e concluíram o show, literalmente, com “Final feliz”. O cantor se despediu com votos de “boas descobertas e boas idéias” para todos os que compareceram ao Roxinho a fim de prestigiá-lo.
Novamente, o público não se conformou com o fim do show. Queriam ainda mais. Quando as luzes já haviam se apagado e os músicos se retirado do palco, todos os presentes se reuniram e entoaram em coro a famosa “Que nem maré”. A música foi mais forte que os músicos e eles voltaram para fazer bonito mais uma vez. Antes de cantar a pedida, Vercillo caprichou na animação em “Vela de acender, vela de navegar”. Foi imperdível.
Simone Nogueira, que integra o Fã-clube Elo, veio de Queimados para ver Jorge Vercillo e não se arrependeu: “ele é sempre maravilhoso. Deve haver mais shows como este na UFRJ e, se for com ele, melhor ainda!”, brincou.
Sua amiga e também fã, Fátima Simone, saiu rouca do auditório. “Eu me acabei nesse show, foi maravilhoso. Eu tento, na medida do possível, sempre ir aos shows dele. Quando não é viável, a gente torce, se contorce, faz de tudo (risos). Estou imensamente feliz, nunca tinha estado aqui, é a primeira vez que venho à universidade, mas adorei o espaço. O show dele a gente nem comenta, porque somos muitos suspeitas para falar, não é? A UFRJ está de nota mil pelo evento”, elogiou a integrante do fã-clube.