Todos os anos, a UFRJ celebra o início do ano letivo e das atividades acadêmicas com uma Aula Magna, solenidade na qual uma personalidade expõe à comunidade universitária seus conhecimentos sobre um assunto de interesse compartilhado. Este ano, a Aula Magna — intitulada “Terra, Saberes e Democracia” — será proferida por João Pedro Stédile, no dia 19 de março, às 10 horas, no auditório do Roxinho, no prédio do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), na Cidade Universitária.
Stédile é economista, ativista social e um dos atuais dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Grande defensor da reforma agrária no Brasil, o militante — além de cobrar do governo o assentamento de famílias — incentiva a organização de marchas com o objetivo de chamar a atenção da sociedade brasileira para a grave situação da pobreza e da desigualdade no campo. Stédile também defende maiores investimentos em Educação e o ingresso de todos os jovens brasileiros nas universidades públicas e gratuitas do país.
Essa não é a primeira vez que a UFRJ cria vínculos com o MST e com as questões agrárias. Durante o período de férias letivas entre 2004 e 2006, foi ministrado na Ilha do Fundão o curso “Teorias Sociais e Produção do Conhecimento”, fruto de uma parceria em nível de Graduação, Pós-graduação e Extensão que envolvia a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), entidade de Ensino Superior do MST, e diversas universidades brasileiras. Além disso, o Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Poder Local, Políticas Sociais e Serviço Social (LOCUSS), da Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ), mantém um projeto de extensão denominado “Pró-MST”, que busca ampliar o campo de intervenção do Serviço Social junto a sujeitos que atuam na esfera da produção, contemplando fundamentalmente as próprias necessidades do movimento dos trabalhadores.
Retrospectiva
Desde o início da gestão do reitor Aloísio Teixeira, a UFRJ já recebeu diversas personalidades. Em 2003, o convidado foi Cristóvam Buarque, Ministro da Educação na época, que destacou o valor da universidade como instrumento de transformação de problemas sociais. Em 2004, Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, falou sobre acordos de cooperação estudantil entre a UFRJ e instituições estrangeiras. Em 2005, José Leite Lopes, físico e professor emérito da universidade falecido há dois anos, discutiu a importância da ciência e tecnologia na sociedade atual. Em 2006, o poeta Ferreira Gullar abordou a cultura e a capacidade de criação artística do ser humano. No ano passado, foi a vez de Naomar Monteiro, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), expor à comunidade acadêmica da UFRJ o Projeto Universidade Nova, proposta de reestruturação das universidades brasileiras baseado na interdisciplinaridade.