Encontro discute a importância do cinema para a Educação

A Faculdade de Educação (FE) da UFRJ realizou o I Encontro Internacional de Cinema e Educação na quinta-feira, dia 29 de novembro, com apoio da Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) e do Fórum de Ciência e Cultura (FCC), também da UFRJ.

Para inaugurar as palestras, Alice Ramos Sena, professora de Música e Canto, e o Coral do Colégio de Aplicação (CAp) da UFRJ, fizeram uma pequena homenagem lúdica a grandes nomes do acervo musical brasileiro e conhecidas canções folclóricas. Os alunos de primeira à quarta séries do Ensino Fundamental lembraram sucessos como "Se a gente grande soubesse" (Billy Blanco) e as folclóricas "Trepando no coqueiro" e “Girassóis”, entre outras.

A primeira mesa apresentou o projeto de Extensão "Cinema para Aprender e Desaprender" (Cinead), desenvolvido por membros da FE que decidiram unir a temática fílmica às necessidades pedagógicas da Educação. Entre os membros da pesquisa estavam Ana Lúcia de Almeida Soutto Mayor, Márcia Xavier, Fábio Garcez de Carvalho, Jorge Mendes Soares e Adriana Fresquet, coordenadora.

Segundo Ana Lúcia Mayor, o Cinead tem como prioridade relacionar teoria e prática. A palestrante explicou que a primeira modalidade do projeto corresponde à análise de obras cinematográficas que abordem a temática da realidade de crianças e adolescentes. Já a segunda proposta consiste em observar como se dá a recepção dos jovens as suas representações no cinema. A terceira categoria está em processo de elaboração e o Cinead pretende colocá-la em funcionamento em 2008. "A terceira fase busca fazer o estudo da linguagem cinematográfica elemento do currículo da Educação Básica", declarou Mayor. De acordo com ela, essa realização contribuirá para conferir dimensão autoral ao público alvo, crianças e adolescentes, inicialmente da rede pública.

A motivação para um projeto dessa natureza parte, segundo Ana Lucia Mayor, da vontade de fazer os jovens pensarem no cinema como espaço de experiência. Para ela, o convívio diferenciado entre professor e alunos pode possibilitar inúmeras trocas pertinentes entre as gerações, tendo os filmes como mediadores.

Mayor explicou que a proposta de "desaprender" do Cinead está em desestabilizar o conhecimento pré-estabelecido e preconceituoso das crianças e adolescentes, utilizando o filme como ilustração de novos conceitos da pós-modernidade.

Fábio de Carvalho, professor de História do CAp há 20 anos, coordena, junto com Jorge Soares, a segunda modalidade do projeto. Carvalho conta que começou a trabalhar com filmes fictícios para ilustrar certas aulas, pois os alunos apresentavam alguma dificuldade quanto a localização e características geográficas de algumas regiões do mundo. A parceria com o Cinead aconteceu em um encontro com Ana Lúcia. "Percebi que era o momento de aprofundarmos o conhecimento dos alunos, não apernas em História, mas na própria linguagem do cinema", lembra o professor.

De acordo com Jorge Soares, o projeto é de vital importância para um melhor aproveitamento em sala de aula. "O Cinead possibilita que haja uma integração tão significativa, que os conflitos em aula têm diminuído consideravelmente", ressalta o docente, observando que a importância está em ensinar e a ouvir, possibilitando o maior êxito do educador.

O projeto, de acordo com Márcia Xavier, deve seu sucesso à heterogeneidade de seus membros. A palestrante revelou que, em 2008, o Cinead pretende realizar as reuniões semanais na Cinemateca do MAM, com o objetivo de enriquecer o trabalho e aproximar mais ainda os jovens do cinema.

Adriana Fresquet declara que um pequeno grupo teve a idéia e deu certo. O projeto foi inaugurado com quatro pessoas de distintos cursos da UFRJ em novembro de 2006. Hoje, o Cinead conta com mais de 30 membros atuantes entre graduandos, mestres, doutores e pós-doutores, das mais diversas áreas científicas.

A proposta, segundo Fresquet, é a de que os jovens se apoderem do discurso cinematográfico para produzir seus próprios pontos de vista. "Vamos lançar o livro Cinema para Aprender e Desaprender, com textos escritos pelos próprios coordenadores durante o projeto e esperamos que seja interessante para cinéfilos e leigos também.", informa Adriana Fresquet.